Um estudo científico publicado na revista da ‘American Medical Association’ concluiu que os adultos com 75 ou mais anos de idade, em que a pressão arterial sistólica diminuiu para valores inferiores a 120 mmHg, tiveram uma taxa significativamente menor de grandes eventos cardiovasculares fatais e não fatais e de morte por qualquer causa, em comparação com os que reduziram a pressão para valores inferiores a 140 mmHg.
Nos Estados Unidos, 75% das pessoas com mais de 75 anos têm hipertensão, e para quem sofre de doença cardiovascular é uma das principais causas de incapacidade, de doença e de morte. O alvo de tratamento ideal da pressão arterial sistólica em populações geriátricas com a hipertensão permanece incerto.
Em Portugal, de acordo com dados da Direção-Geral da Saúde, e respeitantes a 2013, a taxa de prevalência da Hipertensão Arterial situa-se nos 26,9%, sendo mais elevada no sexo feminino, com 29,5% do que no masculino que se situa nos 23,9%.
Jeffrey D. Williamson, da Wake Forest School of Medicine, nos EUA, e equipa, analisaram um grupo de pessoas com idades iguais ou superiores a 75 anos e com hipertensão, mas sem diabetes.
Os indivíduos do grupo de estudo foram distribuídos aleatoriamente em subgrupos: um subgrupo de 1317 indivíduos com pressão arterial sistólica inferior a 120 mmHg (grupo de tratamento intensivo) e outro subgrupo de 1319 indivíduos com pressão arterial sistólica inferior a 140 mmHg (grupo de tratamento padrão).
O grupo apresentava ainda as seguintes caraterísticas: uma idade média de 80 anos, 38% eram mulheres e 95% forneceram dados completos do teste de pressão arterial sistólica durante o período do estudo.
Durante os 3,1 anos em media que duraram os testes, os eventos (ataque cardíaco não fatal, síndrome coronária aguda que não resulta em ataque cardíaco, acidente vascular cerebral não fatal, insuficiência cardíaca descompensada não fatal e morte por causas cardiovasculares) ocorreram com uma taxa significativamente mais baixa no grupo de tratamento intensivo (102 eventos) em relação ao grupo de tratamento padrão (148 eventos).
Houve também um número menor de mortes, por qualquer causa, verificando-se 73 mortes no grupo de tratamento intensivo e 107 mortes no grupo de tratamento padrão. Os investigadores verificaram que a taxa global de eventos graves adversos não foi diferente entre os dois subgrupos de teste.
“Considerando a alta prevalência de hipertensão entre os idosos, os doentes e os médicos podem estar inclinados a subestimar o peso da hipertensão ou os benefícios da redução da pressão sanguínea, resultando nesse caso num tratamento insuficiente”, referem os investigadores, e acrescentam que uma terapia intensiva exige um medicamento anti-hipertensivo e monitorização da dose.
Os investigadores consideram que em futuros estudos pode ser útil definir melhor os limites da hipertensão, os custos e os benefícios do controle intensivo da pressão sanguínea. No entanto, julgam que os atuais resultados do estudo “têm implicações importantes para o futuro da terapia intensiva da pressão sanguínea em adultos mais velhos, devido existir uma alta prevalência desta hipertensão, um alto risco absoluto de complicações de doenças cardiovasculares com origem na pressão arterial elevada, e consequências devastadoras para a independência das pessoas idosas”.