“Sozinha de ilusões naveguei em barco parado no rio, despida de emoções atraquei no cais do meu vazio. Foram levadas pelo vento dos sonhos que outrora tive. Por isso canto no fado aquilo que minha alma vive. Ontem fui, hoje não sou, menos serei amanhã. Sinto que a minha sombra vai fugindo apressada. Está tão cansada de mim e eu dela estou cansada.”
Celeste Rodrigues escreveu estas quadras, que a dizem com exatidão. É fadista. Podia não ter sido artista de variedades, como dantes se usava na carteira profissional, não podia não cantar. Em casa, cantavam, muito, desde sempre. Cantavam como quem partilha, comunica, está. Mais do que a irmã, Amália, é a voz da mãe que elogia como a mais bonita do mundo.
Nasceu na Beira há 94 anos. Continua a fazer espetáculos no mundo todo, e a cantar em casa, pelo prazer que lhe dá. O seu bisneto mais novo aprendeu a tocar guitarra só para a acompanhar.
Texto de Anabela Mota Ribeiro
Nota: O CCB lembra que nesta sessão não é necessário o levantamento prévio de bilhetes. A entrada é livre, apenas sujeita aos lugares disponíveis da sala.