Alguma hesitação em tomar a vacina COVID-19 pode vir a ser um obstáculo no desenvolvimento de imunidade generalizada da população ao coronavírus SARS-CoV-2, conclui estudo de investigação. Atualmente a vacinação assenta em três estratégias possíveis.
Investigadores da University of Cincinnati College of Medicine, EUA, desenvolveram um modelo analítico de decisão por computador para comparar as três estratégias de vacinação: a pessoa recebe uma vacina de mRNA, a pessoa recebe uma vacina de vetor de adenovírus ou a pessoa decide não tomar qualquer uma das vacinas.
A Pfizer e a Moderna produzem vacinas de mRNA, enquanto a Johnson & Johnson (como a AstraZeneca) fabrica a vacina de vetor de adenovírus. O modelo analítico de decisão dos investigadores usa uma métrica de expectativa de vida ajustada pela qualidade que leva em conta a sobrevida e a qualidade de vida afetada pela hospitalização, devido à doença COVID-19 e a complicações pós-infeção de longo prazo em um paciente, também comumente conhecida como síndrome de longo prazo.
O modelo simulou os resultados de saúde para um homem de 65 anos e descobriu que o paciente ganharia uma média de 7,4 dias – uma semana extra de vida – se a pessoa recebesse a vacina de mRNA em vez de optar por não se vacinar. Das duas estratégias que incluem a toma de uma das vacinas, ambas produzem resultados virtualmente equivalentes, com a vacina de mRNA a demonstrar um ganho mínimo de cerca de um dia de vida em comparação com a vacina da Johnson & Johnson, referiu Mark Eckman, diretor e professor da Divisão de Medicina Interna Geral da University of Cincinnati e principal autor do estudo.
Os resultados do estudo já foram publicados na revista científica Medical Decision Making Policy & Practice. “O ponto importante é que os dois tipos de vacinas são melhores do que não receber nenhuma vacina”, referiu Mark Eckman, e acrescentou: “Se adotarmos uma perspetiva de saúde pública, multiplicando esse ganho pela população elegível à vacina, isso resultará num grande benefício líquido para a nação”.
Mark Eckman referiu que se os EUA estenderem o benefício por pessoa para a população não vacinada e elegível restante (indivíduos com 12 anos ou mais) no país, o benefício agregado seria de 3,92 milhões de anos de vida ajustados pela qualidade para aqueles que recebem uma vacina de mRNA. Se o benefício agregado fosse calculado usando a vacina Johnson & Johnson, ele resultaria em um benefício líquido de 3,38 milhões de anos de vida ajustados pela qualidade.
O investigador indicou: “Como não tivemos tempo de realizar um ensaio clínico para estudar essa questão da vacinação, desenvolvemos um modelo computacional para simular os desfechos das estratégias citadas, usando os melhores e mais atualizados dados disponíveis”.