A Universidade de Aveiro (UA) e várias empresas e associações do sector agroalimentar criam o SambucusValor. Um centro piloto no concelho de Tarouca dedicado à investigação do sabugueiro para o desenvolvimento de produtos alimentares saudáveis e desta forma contribuir para o incremento da economia local e nacional.
O SambucusValor tem na origem investigação na UA que concluiu que as bagas e as flores do sabugueiro têm compostos químicos com efeitos benéficos para a saúde, nomeadamente no controlo da diabetes.
Na região de Tarouca o arbusto está fortemente implantado e o projeto SambucusValor pretende tirar partido desta abundância e de em Portugal existirem culturas de sabugueiro com boa capacidade de adaptação às condições naturais e de cultivo.
A UA prevê que o sabugueiro “pode funcionar como uma excecional fonte de matéria-prima para o desenvolvimento de produtos alimentares de valor acrescentado, em linha com as atuais tendências de mercado, nomeadamente a valorização de produtos naturais, locais, saudáveis, práticos de consumir, e que confiram prazer e bem-estar”.
A criação do SambucusValor vai permitir o desenvolvimento de produtos alimentares a partir do sabugueiro, que possam satisfazer o mercado interno mas com o objetivo, também, do mercado externo.
Os promotores do projeto pretendem “contribuir para a valorização integrada deste recurso endógeno português com base na criação de indicadores de qualidade e de estratégias de produção e transformação sustentáveis, nomeadamente tirando partido das competências e recursos instalados nas entidades parceiras”.
Fazem parte do SambucusValor a equipa de investigadores dos Departamentos de Química e de Engenharia Mecânica da UA, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Inovterra, a InovFood, a Publindustria, a Oldland e Alberto Carvalho Neto. Uma parceria que deve conduzir à criação do centro piloto do sabugueiro em Tarouca.
Alimentação de sabugueiro controla a diabetes
Investigação realizada por Ângelo Salvador, do Departamento de Química da UA permitiu identificar “pela primeira vez na baga e na flor de sabugueiro dezenas de compostos bioativos benéficos para a saúde humana”. A investigação tem vindo a ser feita desde 2012, ano em que o investigador iniciou o Doutoramento em Química, e tem vindo a serem confirmados os potenciais efeitos de uma alimentação enriquecida com extratos do sabugueiro.
Ângelo Salvador recorreu a testes em animais que revelaram que o enriquecimento da dieta com diferentes extratos de baga e de flor de sabugueiro, entre compostos fenólicos, esteróis e terpénicos, permitiu reduzir os níveis glicémicos em jejum e otimizar o trabalho da insulina.
Para o investigador as conclusões do estudo permitem antever que o arbusto pode ter um “impacto potencial no controlo, através da dieta, de uma patologia que atualmente afeta milhões de pessoas em todo o mundo”.
No entanto, Ângelo Salvador lembrou que o enriquecimento da alimentação com extratos da baga de sabugueiro “não poderá ser encarado como um tratamento, mas como parte integrante de uma dieta saudável e variada”, que “potencia a prevenção e, possivelmente, o controlo da doença”.
A investigação de Ângelo Salvador no Departamento de Química teve orientação científica de Sílvia Rocha e de Armando Silvestre, das unidades de investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA) e CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro.