A empresa global de infraestruturas digitais, Colt Technology Services, divulgou o que considera serem as principais tendências tecnológicas que irão dominar o mercado empresarial em 2025.
O estudo da Colt que envolveu mais de 1.000 CIO em todo o mundo e várias outras fontes de informação sobre o mercado, aponta que a inovação orientada para a sustentabilidade, a regulamentação da IA e o “amadurecimento” das ofertas de rede para modelos Network as a Service (NaaS) irão dominar as agendas dos responsáveis pelas TI nas empresas em 2025.
“Estamos a ver os responsáveis pelas TI nas empresas avançarem para o próximo ano com otimismo, mas a serem cautelosos, face à incerteza que tem pautado o atual cenário económico, político e tecnológico em todo o mundo nos últimos meses”, referiu Mirko Voltolini, VP, Technology and Innovation da Colt Technology Services.
Mirko Voltolini acrescentou: “Estes responsáveis procuram cada vez mais novas formas de impulsionar a sustentabilidade e de gerar eficiências energéticas ao longo das suas infraestruturas; têm a expectativa que os reguladores criem agora estruturas para IA que os protejam, mas lhes deem a liberdade de inovar; e já estão a explorar as potencialidades e a escalabilidade oferecida pelos modelos de NaaS no desenvolvimento de novas vantagens competitivas e de otimização das suas infraestruturas para acolherem as tecnologias de IA. Em 2025 o sucesso será daqueles que conseguirem ser responsáveis, que tenham capacidade de adaptação e que estejam comprometidos com a sustentabilidade.”
As principais tendências tecnológicas indicadas pelo estudo da Colt, incluem:
■ SASE e zero trust: A desinformação, as fake news e a insegurança cibernética figuram entre as cinco principais ameaças de curto prazo identificadas pelo World Economic Forum em 2024. Com as pessoas e os dados a interagirem cada vez mais fora do seu perímetro de rede, as empresas recorrerão cada vez mais à Zero-Trust Networking e ao SASE para criar um perímetro definido por software (SDP) que proteja as suas pessoas, os seus ativos e os seus dados. Esta situação é agravada pela crescente regulamentação que está a surgir neste contexto, como por exemplo a NIS2 e a DORA.
A Gartner prevê que “nos próximos cinco anos, o mercado de serviços de acesso seguro às redes irá crescer cerca de 29% ao ano (taxa crescimento anual composto) e alcançar um valor de mais de 25 mil milhões de dólares até 2027. Os compradores irão apostar tanto nos fornecedores exclusivos, como em mais de um fornecedor para os produtos SASE de base que irão adquirir.”
■ NaaS de próxima geração: A Colt foi pioneira no lançamento do Network as a Service em 2017. Desde então, milhares de empresas em todo o mundo beneficiaram deste modelo de rede ágil e baseado no consumo. Agora, o mercado está mais competitivo, oferecendo um leque de opções mais amplo e maior diversidade. Em 2025, é provável que assistamos ao dealbar de uma nova era para o NaaS, à medida que as operadoras constroem portais cada vez mais sofisticados com níveis mais profundos de automação e de acesso às APIs para os seus parceiros globais.
■ Redes para IA: À medida que mais casos de uso atingem um nível de maturidade mais elevado, a IA está a tornando-se num fator-chave e num facilitador no âmbito dos planos de transformação digital das empresas. A Gartner prevê que “até 2026, mais de 90% das empresas irão alargar os seus recursos em ambientes multicloud” 2. A distribuição de modelos de IA, os conjuntos de dados empresariais e as aplicações de TI / OT (necessárias para a formação, aumento e inferência da IA) em diversas clouds públicas e privadas irão desafiar o atual paradigma das redes. Esperamos ver uma maior adoção de soluções que incorporem recursos de rede multicloud, de alta velocidade, seguros e flexíveis. A inferência on the edge também irá transforma-se num caso de uso fundamental das tecnologias IA, impulsionado pela soberania dos dados e pelos crescentes requisitos da baixa latência.
■ Colaboração em órbita terrestre baixa: Com os mercados provavelmente a enfrentarem ambientes socioeconómicos menos favoráveis em 2025, as empresas irão manter um controlo rigoroso dos custos. As parcerias para expandir competências e recursos deverão, não obstante, continuar. Isto aplica-se a toda a infraestrutura digital, e à medida que os fornecedores testam novas formas de chegarem aos clientes com infraestruturas seguras e de baixa latência.
Uma área onde se prevê que a colaboração aumente, é a da Órbita Terrestre Baixa (LEO), já que as empresas deste segmento estão a planear lançamentos de satélites ao longo de 2025, ampliando ainda mais o alcance de redes poderosas e com elevados níveis de desempenho, levando assim a conectividade a áreas menos acessíveis.
■ Crescimento das SDLAN: As redes locais tradicionais estão a dar lugar às redes locais definidas por software, que oferecem às empresas níveis acrescidos de segurança, de otimização e de automatização, permitindo simultaneamente um controlo centralizado da gestão das redes. Isto está já a acontecer no setor da indústria de fabrico, onde um grande número de dispositivos IoT se conectam a uma SDLAN, e nas organizações do setor dos serviços financeiros cuja atividade exige uma proteção robusta dos dados financeiros confidenciais.
O crescimento continuará à medida que iremos assistir à convergência das SDLANs com o Edge, impulsionando a adoção e as ferramentas de IA e fomentando a sua otimização. O crescimento da SDLAN também irá beneficiar da adoção da tecnologia sem fios de alta velocidade, da baixa latência e da capacidade massiva do IoT como o 5G privado e WiFi7.
Tendências de Mercado indicadas pelo estudo da Colt incluem:
■ Sustentabilidade impulsionará nova onda de inovação: As estatísticas de consumo de energia inerentes à IA e aos grandes modelos de linguagem aceleraram a inovação das Greentech. Com 71% dos CIO agora responsáveis pelas estratégias de sustentabilidade das suas empresas, de acordo com o Digital Infrastructure Report da Colt, os Diretores de TI serão responsabilizados pela redução do consumo de energia e pelo cumprimento das metas ambientais e de governação das suas empresas. Estes dois fatores estão a impulsionar a inovação, à medida que os líderes CIO testam tecnologias inovadoras, poderosas e eficazes mas com impacto ambiental mínimo.
Credenciais ESG e relatórios de SCOPE3 influenciam tomada de decisões B2B: O Digital Infrastructure Report da Colt revela a importância crescente da colaboração entre compradores e fornecedores no que diz respeito às metas ambientais e de governação.
66% dos CIO inquiridos para o estudo, em todo o mundo, afirmaram que é importante que os fornecedores prestem serviços que contribuam para reduzir o seu próprio impacto ambiental e 17% revelaram que estariam dispostos a deixar os seus atuais fornecedores caso estes não partilhassem as suas metas ESG.
Um em cada cinco considera, também, que a escolha dos seus parceiros tecnológicos é importante para os apoiar nos relatórios de emissões de carbono e 19% para obter informações que ajudem a impulsionar a redução do Scope3.
Esta simbiose irá continuar a acontecer em 2025, à medida que fornecedores e parceiros trabalham juntos para clarificar a informação contida nos relatórios e progridem em direção às metas traçadas, sobretudo no contexto dos relatórios de ESG e que passaram a ser tão rigorosos como os relatórios financeiros.
O desempenho e as credenciais ESG estão a passar para o primeiro plano e as considerações da cadeia de valor – incluindo, por exemplo, os direitos humanos – serão um foco fundamental, com as parcerias certas a serem cada vez mais cruciais para alcançar a conformidade e gerar impacto positivo.
■ A IA e o panorama regulamentar: Desde diretrizes éticas no Japão a uma abordagem de “sandbox regulamentar” em Singapura, até políticas de IA favoráveis às empresas na Índia e a uma nova Lei de IA na UE, as empresas procurarão reguladores globais que lhes possam dar orientações e clarificar o âmbito e as regras para o desenvolvimento, recurso e aplicação da IA.
Um aspeto cada vez mais importante, à medida que mais casos de uso forem surgindo e os países passarem a ter uma noção mais clara do impacto empresarial e social que a IA terá. A chegada de novos governos ao poder nos EUA, na Europa, em África e na Ásia irá influenciar ainda mais o cenário regulatório, e os CIO estarão atentos e irão responder a estes desafios emergentes.
■ Casos de uso de ‘IA para o bem’: As empresas estão à procura de maneiras de utilizar a IA de forma sábia, sustentável e responsável. 64% dos CIO inquiridos no âmbito do estudo da Colt consideraram que a IA desempenha um papel relevante no apoio e/ou na facilitação de um impacto ambiental positivo e na estratégia de governação.
Continuamos a ver exemplos de formas positivas de utilização dos modelos de IA generativa e tradicional no que diz respeito a ajudarem as organizações e as comunidades a interagirem melhor com o seu ambiente.
Desde empresas de serviços públicos que usam a IA para recolher e mapear dados das árvores em cidades como Singapura que apoiam o arrefecimento natural, a empresas que usam a IA generativa para apoiar funcionários neuro divergentes a terem melhores acessos, esperamos ver mais casos positivos de uso da IA em 2025.
■ Aposta reforçada das empresas de telecomunicações nos mercados nacionais: Uma onda de operadores históricos começou a privilegiar os mercados domésticos em detrimento dos internacionais em 2024. Uma tendência que provavelmente se irá continuar a fazer sentir em 2025, à medida que as empresas aumentam a sua aposta na redução de custos.
Este fenómeno irá trazer oportunidades acrescidas para os operadores verdadeiramente globais que, como a Colt (agora o maior operador estritamente B2B na Europa em tamanho, e com infraestrutura na Ásia, África e Américas) continuarão a diferenciar-se pela sua escala mundial, pelas suas credenciais de sustentabilidade e pela experiência de cliente que oferecem.
■ Soberania digital: A necessidade de salvaguardar os dados e proteger as infraestruturas digitais é mais importante do que nunca, com ameaças cada vez mais sofisticadas, uma superfície de ataque mais ampla e tensões geopolíticas latentes.
No verão de 2024, o governo do Reino Unido classificou os centros de dados como infraestruturas nacionais críticas. Neste contexto, a soberania digital será cada vez mais crucial no esforço dos países para protegerem e manterem o controlo sobre os seus dados e os seus ativos digitais. É um aspeto que já tínhamos sublinhado aquando das nossas previsões para 2024 e que esperamos se venha a manter na agenda mundial em 2025.