Presidente da República de Angola, João Lourenço, em visita de Estado a Portugal, deslocou-se ontem ao Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) para um contacto direto com a cooperação em curso entre os dois países, no domínio agroalimentar. João Lourenço encontrou-se com os técnicos angolanos que no INIAV estão em formação em técnicas laboratoriais.
A visita do Presidente Angolano ao INIAV foi acompanhada pelo Primeiro-Ministro português António Costa, pelo Ministro da Agricultura de Angola, Marcos Alexandre Nhunga, e pelo Ministro da Agricultura português, Luís Capolas Santos. Em declarações à imprensa ambos os ministros indicaram que os objetivos da cooperação, entre os dois países, é dotar Angola de capacidade de segurança alimentar aos vários níveis internos e com vista à exportação.
Capolas Santos lembrou que “uma das principais prioridades angolanas é dotar Angola de capacidade em termos laboratoriais e de produção de vacinas” e para isso foi elaborado “um plano de ação para dois anos” que trará ao INIAV “sucessivos formandos” de Angola e “irá levar investigadores portugueses a Angola”.
Neste caso, o objetivo é “dotar o país (Angola) de capacidade laboratorial, que é uma questão essencial para a saúde animal, para a saúde vegetal e para a saúde humana”, ou seja, satisfazer a prioridade “que é autoabastecer o país”, mas também dota-lo “de uma capacidade de excedentes para exportação, dado que o país tem condições fantásticas”, para isso.
Formação como base para o desenvolvimento
Marcos Alexandre Nhunga indicou que está a ser materializado o plano que tem três grandes áreas de ação. Uma é “a formação de quadros, pois achamos que os recursos humanos são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer atividade”, e por isso “estamos a dar formação de curta duração e formação de mestrado e doutoramento, assim, como também vamos fazer formação in job levando quadros experientes portugueses para Angola para poderem treinar os nossos quadros, em Angola.”
Produção de vacinas em Angola
Uma outra área de ação envolve “o apoio e a assistência técnica a Angola para produção de vacinas”, pois agora Angola está a reabilitar as infraestruturas. O Ministro angolano esclareceu: “Angola já tinha essa capacidade de produção de vacinas mas devido à situação que passou o nosso país perdemos essa capacidade.”
O Ministro lembrou ainda que Angola tem em curso a reabilitação das infraestruturas e a adquisição de equipamentos, e ao mesmo tempo está a “formar os quadros para trabalharem nessa área.”
Mas “Angola já está a produzir a vacina de Newcastle, para as aves, o que é muito bom, mas queremos atingir outras espécies, como a bovinicultura, a suinicultura e os pequenos ruminantes, entre outros” esclareceu Marcos Alexandre Nhunga.
A terceira área de ação tem a ver com “os Laboratórios de Referência para a sanidade animal e vegetal”, que estão ligados “à segurança alimentar e os solos” para que Angola possa “garantir que a população angolana consuma o melhor, e também possa exportar com referência no mercado internacional.”
Produção agrícola angolana está a crescer
“Angola tem estado a dar saltos muito grandes em termos de produção. A agricultura angolana é essencialmente uma agricultura familiar que garante mais de 90% daquilo que se produz em Angola mas nos últimos três ou quatro anos temos tido um envolvimento muito forte do setor empresarial” referiu o Ministro angolano.
E lembrou que o Ministro Capolas Santos “visitou fazendas em produção com mais de 5 mil hectares”, e “essas fazendas não devem nada a muitas fazendas ao nível da América ou ao nível da Europa”, mas o país não tem “ainda a autossuficiência alimentar que é o grande objetivo que o Governo angolano traçou”, ou seja, “primeiro alcançarmos a autossuficiência alimentar, em paralelo irmos trabalhando na promoção de culturas que também Angola tem tradição, como o Café, Cacau, Palma e também o Caju.”
O objetivo é não é só captar divisas, mas também se Angola tiver autossuficiência alimentar vai deixar de exporta o seu capital ao importar alimentos, estes são objetivos bem definidos pelo Governo angolano. “Mas tudo isto para ter alguma sustentabilidade precisamos de trabalhar muito fortemente na investigação e daí a importância que nós, o Estado, atribui à área da investigação agronómica e veterinária”, esclareceu o Governante angolano.
Produção agrícola portuguesa e angolana são complementares
Para o Ministro Capolas Santos “Angola e Portugal não são concorrentes em matéria agrícola. Angola produz ou pode vir a produzir, e que nós possamos importar, como café ou cacau, não tem a ver com os produtos que nós queremos continuar a vender para Angola, como o vinho ou o azeite.”
O Ministro Marcos Alexandre Nhunga concluiu, referindo: “Portugal tem um domínio muito forte sobre a agricultura angolana pelo que aproveito a ocasião para também motivar os empresários portugueses que queiram investir em Angola, pois nós temos um quadro de incentivos criados a nível do nosso país” e lembrou: “Diz-se que quem vai primeiro para o rio é que bebe a água limpa. Então queremos que sejam os portugueses a beberem essa água limpa.“