Depois da reunião com o Presidente da China, Xi Jinping, em Paris, Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, referiu que foi a terceira vez que se encontrou com o Presidente chinês em pouco mais de um ano, e indicou que isso “reflete a importância que ambos atribuímos às relações União Europeia – China”.
Ursula von der Leyen referiu que houve “uma troca e discussão aberta e honesta sobre pontos em que concordamos e sobre pontos em que temos diferenças. Os nossos temas vão desde questões geopolíticas às alterações climáticas e, claro, às nossas relações económicas.”
“Juntamente com o Presidente Macron, o primeiro tema sobre o qual trocámos opiniões foi a situação geopolítica. Discutimos especialmente a Ucrânia e os conflitos no Médio Oriente. Concordamos que a Europa e a China têm um interesse comum na paz e na segurança”, referiu a presidente da Comissão Europeia.
Ursula von der Leyen referiu que foi pedido à “China para usar toda a sua influência sobre a Rússia para pôr fim à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”. E acrescentou que “o Presidente Xi desempenhou um papel importante na redução das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia”.
“Discutimos também o compromisso da China de não fornecer qualquer equipamento letal à Rússia. São necessários mais esforços para restringir a entrega de bens de dupla utilização à Rússia que chegam ao campo de batalha. E dada a natureza existencial das ameaças decorrentes desta guerra, tanto para a Ucrânia como para a Europa, isto afeta as relações UE-China”, afirmou a presidente da Comissão Europeia.
Sobre a situação no Médio Oriente, Ursula von der Leyen referiu “que é de grande preocupação para ambos” e que “mais uma vez, apelamos ao cessar-fogo e à libertação de todos os reféns, e continuamos a trabalhar para fornecer todo o apoio humanitário possível, ao mesmo tempo que trabalhamos para uma solução de dois Estados.”
A presidente da Comissão Europeia indicou que foi deixada clara a preocupação “relativamente à ameaça direta do Irão à estabilidade na região” e considera que “a China pode desempenhar um papel importante na limitação da proliferação irresponsável de mísseis balísticos e drones iranianos.”
Outro dos temas discutidos foram as relações económicas e comerciais entre a UE e a China, e Ursula von der Leyen indicou que está convencida de que, “se a concorrência for leal, nós, na Europa, teremos economias prósperas e duradouras que apoiarão mais bons empregos. Mas é claro que hoje também discutimos os desequilíbrios que continuam a ser significativos, e isto é uma questão de grande preocupação. Como demonstrámos, defenderemos as nossas empresas; defenderemos as nossas economias”.
A presidente da Comissão Europeia afirmou: “Nunca hesitaremos em fazê-lo se for necessário”, e focou três tópicos.
O primeiro tópico: produtos subsidiados chineses. Estes produtos subsidiados – como os veículos elétricos ou, por exemplo, o aço – estão a inundar o mercado europeu. Ao mesmo tempo, a China continua a apoiar massivamente o seu sector industrial. Combinado com uma procura interna que não está a aumentar, o mundo não consegue absorver o excedente de produção da China. Por isso, encorajei o governo chinês a abordar estas sobrecapacidades estruturais. Ao mesmo tempo, coordenaremos estreitamente com os países do G7 e as economias emergentes que também são cada vez mais afetadas pelas distorções do mercado da China.
O segundo tópico: Para que o comércio seja justo, o acesso ao mercado de cada um também precisa ser recíproco. Discutimos como fazer progressos reais no acesso ao mercado. Continuo confiante de que é possível alcançar mais progressos. Ao mesmo tempo, estamos prontos a utilizar plenamente os nossos instrumentos de defesa comercial, se tal for necessário. Por exemplo, há algumas semanas, lançámos a nossa primeira investigação no âmbito do Instrumento de Contratos Públicos Internacionais. A Europa não pode aceitar práticas que distorcem o mercado e que poderiam levar à desindustrialização a nível interno.
O meu terceiro ponto: precisamos de melhorar a resiliência das nossas cadeias de abastecimento. Por exemplo, combatemos as dependências excessivas diversificando as fontes de matérias-primas críticas. É por isso que negociámos vários acordos para alargar o número de países de onde obtemos matérias-primas críticas. Na prática, isso é basicamente uma redução do risco. O nosso mercado está e continua aberto à concorrência leal e aos investimentos, mas não é bom para a Europa se prejudicar a nossa segurança e nos tornar vulneráveis. E é por isso que agimos.
“A relação UE-China é uma relação complexa. Abordamos isso de forma clara, construtiva e responsável. Porque uma China que joga limpo é boa para todos nós. Ao mesmo tempo, a Europa não hesitará em tomar as decisões difíceis necessárias para proteger a sua economia e a sua segurança. Assim, com isto, esperamos celebrar no próximo ano o 50º aniversário das relações UE-China. Eu agradeço a sua atenção”, concluiu a presidente da Comissão Europeia.