Um novo método inovador para monitorizar o estado da rede elétrica nacional desenvolvido por Bruna Tavares foi reconhecido com o prémio REN, no valor de 12,5 mil euros.
Para compreender o método desenvolvido por Bruna Tavares temos de partir do conceito de um robô que tem um percurso a fazer, e ao longo desse percurso vai captando sinais luminosos e acústicos para se orientar, combinando os sinais recolhidos para criar um mapa interno que lhe explique a realidade exterior.
O mesmo conceito aplicado ao sistema elétrico é a proposta do novo método apresentada pela investigadora. O método consiste “em produzir de forma semelhante uma fusão sensorial de sinais captados por diferentes aparelhos para melhor entender o estado da rede elétrica nacional”.
É a compreensão acrescida da rede elétrica que permite ao operador “controlar e a aumentar a qualidade de serviço da rede”, e isto “vai levar a um melhor desempenho no serviço prestado ao consumidor.”
Bruna Tavares, investigadora do Centro de Sistemas de Energia (CPES) do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), explicou, citada em comunicado do INESC TEC, que “para o consumidor final é dado como garantido o facto de ter energia a chegar a sua casa, mas para que isso seja possível, e com qualidade e precisão, é preciso ter em conta vários processos.”
Ao longo do sistema de rede elétrica existem os chamados sensores convencionais para medir o estado da rede, mas recentemente, em países como Brasil ou Espanha, surgiram sensores mais avançados, que recolhem medidas do sistema elétrico com indicação do momento temporal e de indicação do local do tipo GPS. Estes sensores avançados são atualmente ainda de custo relativamente elevado, mas também não precisam de ser colocados ao longo de toda a rede, mas podem ser combinados com os sensores convencionais.
Partindo da existência dos dois tipos de sensores Bruna Tavares propôs “uma fusão da informação de diferentes classes de sensores, de forma que a coexistência de diferentes tipos no mesmo sistema seja possível, o que conduz, por sua vez, a um aumento de precisão na estimação do estado da rede.”
Atualmente não existem sensores avançados instalados no sistema de rede elétrica nacional, “mas o método desenvolvido pela investigadora propõe precisamente a inclusão dos novos sensores para que seja possível a recolha de diversa informação necessária.
Bruna Tavares explicou que “a inclusão destes sensores ao longo da rede elétrica, juntamente com informação dos sensores convencionais, terá um grande impacto na monitorização do sistema”, e acrescentou: “O que é realmente preciso é fundir estas medidas com as convencionais. Seguindo o método que desenvolvi é possível ter-se uma visualização muito mais detalhada e precisa do estado da rede, o que traz benefícios para todos.”
O método desenvolvido pela investigadora Bruna Tavares no âmbito da sua tese académica teve orientação de Vladimiro Miranda, administrador do INESC TEC e professor catedrático na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e coorientação de Jorge Pereira, investigador do INESC TEC e docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Bruna Tavares esclareceu: “O método que desenvolvi juntamente com os investigadores Vladimiro Miranda e Jorge Pereira para além da componente de fusão sensorial, apresenta também critérios diferentes para estimar medidas na rede que, apesar de ainda não serem utilizados pela indústria, têm uma série de vantagens, nomeadamente ignorar erros de medições.”