Em Lisboa, ministros do governo português, liderados pelo Primeiro-Ministro António Costa e ministros do governo do Reino de Marrocos liderados pelo homólogo Aziz Akhannouch, retomaram as cimeiras bilaterais, nesta que é a XIV Reunião de Alto Nível Portugal-Marrocos, depois de um interregno de seis anos.
No final do encontro, e após a assinatura de 12 acordo de cooperação, António Costa, referiu que “Portugal e Marrocos não são simplesmente países vizinhos”, mas “verdadeiramente dois países que são charneira. Charneira entre o Mediterrâneo e o Atlântico, entre a África e a Europa, e é precisamente por isso que nesta cimeira decidimos elevar o nosso nível de relacionamento para o nível de parceria estratégica”.
A parceria estratégica vai levar a “uma cooperação mais alargada, não só do ponto de vista da relação entre os nossos povos, entre as nossas empresas mas também ao nível politico entre os dois governos”.
Aniversários em 2024
António Costa lembrou que em 2024 “Portugal e Marrocos assinalarão dois aniversários muito importantes: os 30 anos do acordo de boa vizinhança e cooperação” e “os 250 anos do tratado de paz entre Portugal e Marrocos.”
Os “250 anos de paz entre dois países vizinhos é algo que deve ser devidamente assinalado e sobretudo é inspirador para aquilo que são as nossas relações futuras”, reforçou o Primeiro-Ministro português.
Para assinalar o tratado de paz será desenvolvido “um intenso programa de cooperação na área cultural, não só relativamente ao Património comum que queremos preservar e valorizar mas também com as novas correntes das manifestações artísticas contemporâneas que vamos dar a conhecer a cada um dos nossos povos, por outro lado também um investimento nas indústrias culturais, designadamente na área do audiovisual” descreveu António Costa.
Outra área relevada pelo primeiro-ministro é o reforço dos “laços de cooperação científica e de investigação entre os centros de produção de conhecimento de Portugal e de Marrocos, de forma que essa comunidade científica possa trabalhar cada vez mais, em conjunto, para enfrentar os muitos desafios que se nos colocam.”
Os acordos assinados no final da cimeira também consideram outra cooperação, nomeadamente “na área da juventude”, “de mobilidade de trabalhadores” e “também o reconhecimento das qualificações obtidas em Portugal e obtidas no Reino de Marrocos.”
Áreas de cooperação económica
“Esta cimeira foi acompanhada de um fórum empresarial que juntou mais de 130 empresas de diversas áreas: da indústria automóvel; da indústria têxtil; da área da energia; da área das infraestruturas” que “são domínios onde há muitas oportunidades de estreitamento das relações entre os nossos povos e é por isso importante o que ficou aqui hoje acordado”.
Mas há outras áreas que António Costa quer que sejam desenvolvidas como Marrocos e considera que “Portugal e Marrocos podem dar uma contribuição decisiva para acelerar o desafio da transição energética”, dado que os recursos naturais de ambos os países são uma vantagem relativamente à anterior era energética onde ambos os países não possuíam recursos naturais fundamentais.
“Hoje podemos desenvolver em conjunto aproveitando o potencial do solar, o potencial eólico, a capacidade técnica de produzirmos em conjunto as energias verdes e em particular o hidrogénio verde mas também de partilharmos a energia que uns e outros produzimos através da construção de uma interconexão elétrica entre os nossos países que nos permita reforçar a segurança energética de uns e de outros e valorizar a nossa posição geopolítica no quadro do Atlântico” descreveu António Costa.
O Primeiro-Ministro acrescentou: “Esta nova parceria estratégica será seguramente a melhor forma de olharmos para o futuro com amplo horizonte que 250 anos de paz contratualizada servem bem como garantia de segurança e de confiança entre todos”.
“Quero aqui aproveitar esta ocasião para agradecer ao reino de Marrocos o apoio continuado, a solidariedade permanente no domínio da proteção civil que Marrocos tem mantido com Portugal, em particular durante os períodos de verão, quando enfrentamos os desafios muito exigentes no combate aos incêndios florestais e onde os canadaires marroquinos sempre têm sido um elemento de suporte essencial para nos ajudar a proteger as nossas populações e as nossas florestas”, conclui o Primeiro-Ministro português.