No Dia Mundial do Cancro, que se celebra anualmente a 4 de fevereiro, o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP) lança campanha nas redes sociais inspirada na iniciativa da União Internacional de Controle do Cancro (UICC), que tem como slogan “Close The Care Gap”.
Sob o mote “Por Cuidados Mais Justos”, a campanha do GECP pretende sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce e dos tratamentos oncológicos que salvam vidas, defendendo que acesso deve ser igual para todos. A campanha também tem como objetivo a oportunidade para que se lute por políticas públicas promotoras de equidade no acesso aos cuidados de saúde, no que se refere à prevenção, diagnóstico e tratamento para todos.
Em Portugal, o cancro do pulmão surge como uma preocupação significativa de saúde, sendo uma causa de mortalidade impactante com cerca de 4.600 mortes por ano, o que demonstra a necessidade de implementar ações preventivas, sobretudo no que diz respeito aos rastreios.
Ana Barroso, pneumologista no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e membro da Direção do GECP, refere que “ao implementarmos programas de rastreios para detetar precocemente neoplasias malignas do pulmão estamos a investir no poder da prevenção e no aumento das hipóteses de tratamento bem-sucedido. Hoje sabemos que o rastreio do cancro do pulmão em populações de risco reduz o número de mortes por esta causa.”
Dados apontam que atualmente, são diagnosticados, por ano, mais de 5.000 novos casos de cancro do pulmão, em Portugal, mas 65% destes casos são detetados em estadios avançados.
A deteção precoce do cancro do pulmão é fundamental, pelo que no caso de sintomas novos, como tosse persistente, hemorragia pela boca, dor torácica, dificuldade respiratória, rouquidão e alteração da voz, fadiga, perda de apetite, dor óssea ou agravamento dos sintomas pré-existentes, a recomendação é procurar aconselhamento do médico assistente.
“Acreditamos que um dos principais pilares da luta contra o cancro do pulmão começa com a consciencialização, melhoria da educação e procura ativa por sinais precoces, colocando o poder de uma vida saudável nas mãos de cada um”, refere a pneumologista.
A relação entre o tabagismo e o diagnóstico de cancro do pulmão é bastante evidente, visto que mais de 80% dos doentes diagnosticados são fumadores ativos ou ex-fumadores. Em Portugal, 17% da população com 15 ou mais anos é fumadora. Os riscos inerentes ao tabagismo são significativos, manifestando-se numa redução média de 10 anos na expetativa de vida para os indivíduos que fumam.
“A mudança de atitude é fundamental e deve começar pelo abandono do hábito de fumar. Além disso, a adoção de um estilo de vida saudável é essencial para melhorar o estado de saúde da população. Entre os vários comportamentos destacamos a prática regular de exercício físico, uma alimentação saudável e uma boa higiene de sono”, conclui Ana Barroso.
Sobre o cancro do pulmão
O cancro do pulmão é dos cancros mais frequentes no Mundo. A sua incidência aumenta a um ritmo de 0.5% por ano. Em Portugal, foram diagnosticados em 2020 cerca de 5 mil novos casos de cancro do pulmão, representando a terceira neoplasia mais frequente. É, no entanto, a principal causa de morte por doença oncológica no país, estimando-se ter causado 4.671 mortes em 2018.