As populações de aves estão em declínio em todo o mundo. A conclusão é de um estudo de cientistas de várias instituições, e já publicado na “Annual Review of Environment and Resources”.
O estudo indica que a perda e a degradação de habitats naturais e a elevada exploração direta de muitas espécies são as principais ameaças à biodiversidade das aves. A mudança climática também é identificada como um fator emergente para o declínio da população de aves.
“Agora estamos a testemunhar os primeiros sinais de uma nova onda de extinções de espécies de aves distribuídas no continente”, diz o autor principal do estudo, Alexander Lees, da Manchester Metropolitan University, Reino Unido, e investigador associado do Cornell Lab of Ornithology. “A diversidade aviária atinge o pico global nos trópicos e é lá que também encontramos o maior número de espécies ameaçadas”.
O estudo refere que aproximadamente 48% das espécies de aves existentes em todo o mundo são conhecidas ou suspeitas de estarem em declínios populacionais. Sendo que 36% das espécies apresentam populações estáveis, e apenas 6% mostram tendências crescentes da população. O estado da população de 7% das espécies é ainda desconhecido.
Os autores do estudo reviram as mudanças na biodiversidade das aves usando dados da União Internacional para a Conservação da Natureza para revelar as mudanças populacionais entre as 11.000 espécies de aves que se julgam existirem no mundo.
As conclusões dos cientistas vêm refletir os resultados de um estudo seminal de 2019 que determinou que quase 3 mil milhões de aves reprodutoras desapareceram nos últimos 50 anos só nos EUA e no Canadá.
“Depois de documentar a perda de quase 3 mil milhões de aves apenas na América do Norte, foi desanimador ver os mesmos padrões de declínio populacional e extinção a ocorrer em todo o mundo”, referiu o cientista de conservação, Ken Rosenberg, do Cornell Lab. “Como as aves são indicadores altamente visíveis e sensíveis da saúde ambiental, sabemos que sua perda sinaliza uma perda muito maior de biodiversidade e ameaças à saúde e bem-estar humanos”.
Apesar dos dados do estudo, os autores do estudo indicam que há esperança para que os esforços de conservação das aves tenham algum sucesso, mas alertam que para isso são necessárias mudanças transformadoras.
“O destino das populações de aves depende fortemente de parar a perda e degradação de habitats”, disse Alexander Lees. “Isso é muitas vezes impulsionado pela procura de recursos. É necessário considerar melhor como os fluxos de commodities podem contribuir para a perda de biodiversidade e tentar reduzir a pegada humana no mundo natural.”
“Felizmente, a rede global de organizações de conservação de aves que participam deste estudo tem as ferramentas para evitar mais perdas de espécies e de número de aves”, indicou Ken Rosenberg, e acrescenta: “Da proteção da terra às políticas de apoio ao uso sustentável de recursos, tudo depende da vontade dos governos e da sociedade de viver lado a lado com a natureza no nosso planeta compartilhado”.
Os cientistas consideram que a informação é fundamental, e que o crescimento da participação pública no monitorar de aves em conjunto com ferramentas fáceis de usar, como os bancos de dados eBird do Cornell Lab, auxiliam a procura de aves reprodutoras a uma escala continental. Atlas de distribuição ajudam a informar os esforços de conservação.