A poluição do ar está associada a efeitos prejudiciais à saúde humana, incluindo aumento do risco de doenças cardíacas e derrames, esta causa/efeito é conhecida, mas agora um estudo publicado hoje no Journal of Physiology por investigadores da Universidade de Manchester mostra que o conhecimento existente sobre como a poluição prejudica a saúde das espécies marinhas pode ser aplicado aos seres humanos, pois os mecanismos subjacentes são semelhantes.
Os investigadores consideram que o conhecimento adquirido no ecossistema marinho pode ajudar a proteger o clima e a saúde do nosso planeta, além de ajudar a saúde humana.
O estudo analisou em particular um conjunto de compostos que se ligam à superfície da partículas do ar que são prejudiciais à saúde, os chamados Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP), dado que a quantidade de HAP nas partículas está associada ao efeito prejudicial que a poluição do ar afeta o coração.
Embora se saiba que a poluição do ar é perigosa para os seres humanos, a verdade é que a mesma só se tornou um alvo de investigação mais generalizado nos últimos cinco anos. Os investigadores indicam que nas espécies marinhas, o mecanismo de como a poluição por HAP causa problemas cardíacos é bem conhecido.
Estudos após o derramamento pelo petroleiro Exxon Valdez, em 1999, mostraram que o ecossistema ainda não recuperou passados 20 anos. Em 2010, investigação após o derramamento de óleo da Deepwater Horizon, que libertou grandes quantidades de HAP no ambiente marinho, mostrou que a capacidade de contração do coração das espécies marinhas estava prejudicada.
Holly Shiels, investigadora da Universidade de Manchester e autora sénior do estudo, referiu: “Devido à natureza conservada da função cardíaca entre os animais, os peixes expostos ao HAP devido a derramamentos de óleo podem servir como indicadores, fornecendo insights significativos sobre os impactos dos HAP na saúde humana e da poluição do ar pelas pariculas”.
Jeremy Pearson, Diretor Médico Associado da British Heart Foundation, que contribuiu com financiamento para a investigação referiu: “Sabemos que a poluição do ar pode ter um efeito extremamente prejudicial para o coração e para a saúde circulatória, e este estudo resume os mecanismos que potencialmente contribuem para prejudicar a função cardíaca”.
O responsável da British Heart Foundation acrescentou: “Reduzir a poluição do ar é crucial para proteger a saúde do coração, e é por isso que a British Heart Foundation está a pedir para que o próximo governo (inglês) se comprometa a reduzir a poluição do ar dentro dos limites da OMS”.