As autoridades policiais portuguesas e espanholas prenderam 54 pessoas responsáveis por crimes contra cidadãos idosos. A Europol, que coordenou a ação, refere que os criminosos usaram ligações telefónicas fraudulentas e engenharia social para lesarem as vítimas em 2.5 milhões de euros.
Algumas das 84 vítimas confirmadas perderam as economias quando os criminosos as coagiram a entregar o dinheiro na porta de casa. A Polícia Nacional Espanhola (Policía Nacional), os Mossos d’Esquadra e a Polícia Judiciária Portuguesa (Policía Judiciária) realizaram 19 ações, que conduziram a apreender importantes evidências digitais e físicas dos crimes.
Um dos principais alvos foi das autoridades foi amanhado em flagrante e preso. Quando a polícia entrou na casa, ele estava sentado em frente ao computador com os dados bancários de uma das vítimas no ecrã. As autoridades além da apreensão de computadores, laptops, telemóveis, cartões SIM e congelarem contas bancárias, também encontraram nas instalações revistadas cannabis e cocaína.
Táticas de pressão junto das vítimas
Os criminosos usam um modus operandi comprovado, com divisão do trabalho entre membros especializados, a rede criminosa sistematicamente tinha como alvo cidadãos espanhóis idosos. O criminoso fazia-se passar por funcionário do banco, contatava a vítima e convencia-a que havia um problema com a conta bancária. A técnica é conhecida como “vishing”, uma junção de “voz” e “phishing”. Uma tática criminosa que é normalmente conduzida por telefone.
Após extrair algumas informações básicas, o criminoso compartilhava com outros membros da rede criminosa, que apareciam na porta das vítimas. Pressionando as vítimas com táticas de intimidação e engenharia social, os criminosos tomavam posse de cartões de pagamento ou de crédito e extraíam códigos PIN e detalhes bancários. Em alguns casos, os criminosos também forçavam a entrada nas casas das vítimas, roubando dinheiro e objetos de valor, como joias. Como etapa final do processo, os criminosos usavam os cartões roubados para fazer saques em caixas eletrónicos ou para fazer compras caras.
O dinheiro do saque era depositado em várias contas espanholas e portuguesas controladas pelos criminosos, e a seguir canalizadas para um elaborado esquema de lavagem de dinheiro.
Neste caso foi usada uma extensa rede de “mulas de dinheiro” supervisionadas por membros especialistas da organização para disfarçar a origem dos fundos ilícitos.
Ação policial rápida e dura contra o grupo criminoso
Com recurso às capacidades analíticas e de coordenação da Europol, investigadores da Espanha e de Portugal trabalharam com especialistas da Europol para elaborar um quadro de inteligência. A estrutura da rede criminosa foi revelada pouco a pouco, até que o golpe decisivo pudesse ser planeado e executado. Especialistas da Europol foram destacados junto com as autoridades policiais espanholas para fornecer suporte analítico e forense no dia da ação.
À medida que os investigadores se aproximavam dos suspeitos e monitoravam as conversas, ouviram que planeavam usar violência severa como último recurso para roubar as vítimas. Para interromper e evitar que invasões domiciliares potencialmente violentas ocorressem, o esforço conjunto de aplicação da lei priorizou o desmantelamento da perigosa rede criminosa. Isto conduziu a uma ação rápida em que foram presos 40 suspeitos em Espanha e 3 em Portugal, que aguardam extradição para a Espanha.