As pneumologistas Susana Clemente e Inês Faria, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), citadas em comunicado da Sociedade médica, indicam que a Reabilitação Respiratória (RR) é um “tratamento muito potente” para os doentes respiratórios crónicos. Mas que apesar de todas as vantagens reconhecidas, “é uma intervenção subutilizada e inacessível à maioria dos doentes”.
A reabilitação respiratória consiste numa intervenção multidisciplinar, supervisionada por um médico, no tratamento de pessoas com doenças respiratórias crónicas. Uma terapia que ajuda as pessoas a respirar mais eficientemente e a melhorar a sua capacidade de exercício e assim, a sua qualidade de vida.
“Trata-se de um tratamento que promove uma maior estabilidade da doença, com menos agudizações e, por conseguinte, permite uma redução de custos relacionados com a saúde, podendo ainda contribuir para a redução da mortalidade”, refere a Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
A SPP acrescenta que “a RR é considerada como a intervenção com melhor relação custo-efetividade na DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) – sendo este o principal motivo de referenciação aos programas de reabilitação respiratória”.
Mas, como estima a SPP, apenas um número inferior a 0,5% dos doentes com DPOC beneficiam de reabilitação respiratória. “Este número é ainda mais dramático se tivermos em consideração que doentes com outras condições clínicas (bronquiectasias, cancro de pulmão, fibrose pulmonar, sequelas por COVID-19 e período peri-operatório de cirurgias torácicas e abdominais) podem igualmente beneficiar deste tipo de programas”, referem as pneumologistas Susana Clemente e Inês Faria, da SPP.
Em face da situação que penaliza os doentes com DPOC, a SPP alerta, assinalando o Dia Nacional da Reabilitação Respiratória, para a importância de adoção de “medidas que permitam um maior acesso a este tratamento por parte dos doentes que dele podem beneficiar”. As especialistas referem existir “várias medidas que podem contribuir para melhorar este acesso, nomeadamente aumentar a oferta de programas (não apenas ao nível hospitalar, como também na comunidade); sensibilizar as entidades financiadoras a investir em mais recursos materiais e humanos; informar os doentes sobre os seus benefícios, alertando-os para a sua existência; formar os profissionais de saúde e investir em equipas multidisciplinares dedicadas”.