Cada pessoa possui um perfil genético único, com necessidades nutricionais também únicas. Com base nesse conhecimento “um plano alimentar baseado na genética pode ser duas a três vezes mais eficaz do que um plano convencional”. Os especialistas indicam que este pode ser o motivo pelo qual duas pessoas que sigam o mesmo plano alimentar podem obter resultados diferentes.
“A grande maioria das pessoas tem uma ideia generalizada do que significa ter uma alimentação saudável: redução de hidratos de carbono, ingestão de carnes brancas, leguminosas e frutas, e prática de exercício físico regular. Mas, nesta equação, falta um fator indissociável, que é o nosso perfil genético”, referiu Carla Guilhas, Especialista em Medicina Preventiva Personalizada da SYNLAB (Grupo europeu em diagnóstico médico).
A especialista explicou que “os genes podem ser comparados a uma impressão digital: são únicos em cada pessoa e, por isso, definem as nossas características individuais. Características essas que podem ser a explicação para o facto de, por exemplo, fazermos diariamente um certo tipo de desporto e alimentação que consideramos que são os mais recomendados na perda de peso, e depois não vemos resultados”.
Mas, no entender da especialista “a boa notícia é que a responsabilidade pode ser, em parte, da genética”, e a evolução da ciência permite conhecer o perfil genético individual e assim obter resultados com mais facilidade. “A nutrigenética é a base da nutrição personalizada”, ao permitir “conhecer as necessidades do organismo e elaborar um plano alimentar personalizado para suprir essas mesmas necessidades.”
A genética não tem apenas influência na alimentação ou no desporto mas “através de estudos de nutrigenética de prevenção, é possível descobrir qual a eficácia do metabolismo da gordura, do açúcar, da cafeína, do álcool e da lactose (fatores importantes na perda de peso), e identificar o risco de lesões, e obter informação sobre a predisposição para determinado tipo de patologias (como a obesidade), tendências (consumo de açúcares e envelhecimento) ou dependências (álcool e nicotina).”
“Toda esta informação genética é possível de obter através de uma amostra de saliva”, esclareceu Carla Guilhas, e acrescentou: “Existem laboratórios de análises clínicas que incluem a oferta de um relatório com as recomendações para a elaboração de um plano de saúde completo e personalizado, com base na genética da pessoa.”
A especialista alerta, no entanto, que “é importante fazer uma distinção entre os vários tipos de testes disponíveis no mercado: um bom teste é aquele que faz uma análise genética tendo como base os vários genes para os quais existem estudos comprovados sobre a sua influência na saúde e bem-estar.”
Os especialistas recorrem também estudo de intolerância alimentar para definir os planos alimentares, no entanto, apesar de serem complementares e permitirem melhorar a saúde através da alimentação, a análise nutrigenética é diferente de um estudo de intolerância alimentar.
Os estudos de intolerância alimentar (ou hipersensibilidade alimentar) avaliam a resposta do sistema imunitário face a determinados alimentos. Quando existe elevada reatividade a um determinado alimento, é recomendável limitar o seu consumo ou eliminá-lo temporariamente da alimentação.
A análise nutrigenética determina que alimentos, ou nutrientes se deve incluir ou evitar no plano alimentar, em função do perfil genético de cada um. Ao contrário dos estudos de intolerância alimentar, não analisa as reações à hipersensibilidade alimentar.