Reúnem-se a partir de diferentes localidades de Vila Real e partilham o conhecimento de diferentes gerações e, em alguns casos, até laços familiares. Com uma missão, a de afinar a voz e explorar um talento, para muitos, desconhecido, os elementos do VoCAL – Voz Coral do Alvão vão apresentar-se, pela primeira vez, no dia 27 de dezembro, no Centro Cultural e Recreativo de Benagouro.
Dois dias após o Natal, este grupo coral convida famílias e amigos a reunirem-se mais uma vez, para assistirem a um momento musical, cujo repertório vai ao encontro de temas da região, promovendo a língua portuguesa, bem como o património cultural.
O VoCAL é atualmente composto por 16 elementos, mas está à procura de mais vozes. O projeto, que assinala a primeira incursão da Peripécia Teatro no desenvolvimento de um grupo coral com a comunidade, arrancou no início deste ano. Desde então, e com a coordenação de Carla Raquel Santos – professora de expressão musical e diretora de vários grupos corais –, tem vindo a desenvolver um trabalho que se pretende que seja de natureza inclusiva e cultural.
Dos 10 aos 70 anos e unidos numa só voz
Há pais, filhos e irmãos, pequenos e graúdos, assim como elementos com mais ou menos experiência musical. Foram vários os interessados que responderam ao desafio lançado pela Peripécia Teatro e que participam nos ensaios do VoCAL, desde fevereiro. A dinâmica de trabalho do grupo incluiu a realização de oficinas de formação para o desenvolvimento das capacidades técnicas de voz, a nível individual e coletivo. A participação nestas oficinas e ensaios permitiu a criação de um repertório que remete para região do Alvão.
“Sendo natural de Benagouro, vivi muito tempo fora, e, por esse motivo, qualquer atividade na minha aldeia é bem-vinda. Não sei cantar, mas já aprendi alguma coisa (mérito da nossa professora)”. Este é apenas um dos vários testemunhos dos elementos do Voz Coral do Alvão, que têm na atividade um ponto de encontro semanal que incentiva ao convívio, à troca de saberes, à partilha de novos estímulos e ao desenvolvimento de novas competências.
Sérgio Agostinho, codiretor artístico da Peripécia Teatro, sublinha a importância da dinamização de atividades que colocam a comunidade como “personagens principais”: “Há já algum tempo que queríamos fomentar uma atividade com estas características, com o objetivo de, não só promovermos maior dinamismo na comunidade, como também incentivar a uma maior apetência para a fruição artística”.
“Conseguimos reunir elementos de várias idades – dos 8 aos 70 anos –, residentes em diferentes locais de Vila Real, e que têm apenas como missão cantar, conhecer novas pessoas e ter uma atividade de lazer”, continua Sérgio Agostinho, garantindo que “o grupo tem tido ao seu dispor uma oferta criativa no âmbito das artes musicais, permitindo que os elementos tenham perceção da sua evolução, o que os mantém incentivados”.
Após quase um ano de trabalho, o VoCAL está agora preparado para a sua primeira apresentação oficial. Integrado na programação do ciclo “Lua Cheia – Arte na Aldeia”, que também é da responsabilidade da Peripécia Teatro, o concerto terá uma duração aproximada de 45 minutos e é de entrada gratuita (com levantamento de bilhete obrigatório na plataforma BOL ou no local do espetáculo). Dando continuidade ao trabalho inclusivo promovido pela companhia, o momento vai contar com serviço de babysitting também gratuito (que deve ser solicitado com 24 horas de antecedência, através do contacto 934 932 190).
Peripécia Teatro
Até ao próximo dia 5 de janeiro, Benagouro é a casa do Colectivo D’Elas – um grupo de dança galego. O grupo está em registo de residência artística, com o intuito de trabalhar no projeto “É Difícil Fotografar o Baleiro”, que será apresentado no próximo ano, passando por Vila Real. Com a dinamização destas residências, a Peripécia Teatro tem procurado reforçar a diversidade da programação artística, em particular através da circulação de projetos internacionais.