Os ataques com drones armados têm mais apoio e maior legitimidade do público quando têm aprovação internacional das Nações Unidas, concluiu um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade Cornell, nos EUA.
Os drones podem transportar cada vez mais armas e são cada vez mais usados em guerra e em contra terrorismo, mas os países restringem os ataques com drones de maneira diferente. A França, por exemplo, submete os ataques com drones à aprovação da ONU, mas os EUA atuam de forma unilateral sem qualquer auscultação dos membros da ONU.
Esta diferença de entre países é importante quando se trata de apoio público e perceções de legitimidade para agir, indicaram os investigadores Paul Lushenko, Shyam Raman e Sarah Kreps, da Universidade Cornell.
Os investigadores citam como exemplos dois ataques com drones, em 2021. A França usou um drone para matar Adnan al-Sahrawi, líder do Estado Islâmico na África Ocidental. Tempo depois, os EUA usaram drones para matar dois líderes da Al-Qaeda na Síria.
As armas usadas eram semelhantes, mas as abordagens não o foram. A França recolheu com antecedência apoio da ONU mas os EUA não o fizeram e agiram unilateralmente.
Os investigadores procederam a um estudo através de uma amostra representativa de 1.800 entrevistados em França e nos EUA, para perceber qual das abordagens tem maior apoio e legitimidade do público.
O estudo mostrou que os entrevistados franceses consideram qualquer ação unilateral do seu país ou de outro como menos legítima, mas os norte-americanos consideram os ataques unilaterais do seu próprio país como mais legítimos e mais dignos de apoio. Estes resultados sugerem que os cidadãos norte-americanos e franceses têm padrões únicos sobre uso de drones em guerra.
O “modelo francês” para o uso de drones em guerra é baseado em parte na autorização internacional, como é o caso dos ataques de contra terrorismo franceses na África Ocidental.
“Apesar da proliferação de drones armados em todo o mundo, não temos uma compreensão das atitudes do público para esses ataques, especialmente num contexto transnacional”, referiu Lushenko.
O investigador acrescentou: “A nossa investigação mostra que as perceções do público para ações legítimas não são meramente uma função do alvo. A legitimidade percebida dos ataques pode ser moldada por quem usa drones e como eles são restringidos, sugerindo que a autorização internacional por meio da ONU tem implicações importantes na batalha pela opinião pública”.