A escritora moçambicana Paulina Chiziane foi a escolha de júri da 33ª edição do Prémio Camões para ser reconhecida com o Prémio. A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, anunciou a decisão do júri tomada por unanimidade.
O júri destacou na escritora moçambicana “a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra” e referiu também “a importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana”.
Outro dos aspetos sublinhados pelo júri foi trabalho recente da escritora “de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.”
Graça Fonseca referiu que “Paulina Chiziane está traduzida em muitos países, e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações.”
A escritora Prémio Camões 2021, Paulina Chiziane, nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo e atualmente vive e trabalha na Zambézia. Como ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na ‘Página Literária’, e na revista Tempo).
Paulina Chiziane publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, em 1990, depois da independência, que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ventos do Apocalipse, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999. Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata.
■ Balada de Amor ao Vento:
o 1.ª edição, 1990.
o Lisboa: Caminho, 2003.
■ Ventos do Apocalipse:
o Maputo: edição do autor, 1993.
o Lisboa: Caminho, 1999.
■ O Sétimo Juramento.
o Lisboa: Caminho, 2000.
■ Niketche: Uma História de Poligamia:
o Lisboa: Caminho, 2002.
o São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
o Maputo: Ndjira, 2009, 6ª edição.
■ As Andorinhas, 2009 1ª Edição, Indico Editores
■ O Alegre Canto da Perdiz. Lisboa: Caminho, 2008.
■ Na mão de Deus, 2013
■ Por Quem Vibram os Tambores do Além, 2013
■ Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento, 2015.
■ O Canto dos Escravos, 2017.
■ O Curandeiro e o Novo Testamento, 2018.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.
O júri da 33ª edição do Prémio Camões foi constituído por Ana Martinho, professora universitária (Portugal); Carlos Mendes de Sousa, professor universitário (Portugal); Jorge Alves de Lima, escritor e investigador (Brasil); Raul César Fernandes, professor universitário (Brasil); pelos PALOP, Tony Tcheka, escritor (Guiné-Bissau); Teresa Manjate (Moçambique).
O Prémio Camões foi já atribuído, por ordem cronológica, a Miguel Torga (Portugal), João Cabral de Mello Neto (Brasil), José Craveirinha (Moçambique), Vergílio Ferreira (Portugal), Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Amado (Brasil), José Saramago (Portugal), Eduardo Lourenço (Portugal), Pepetela (Angola), António Cândido (Brasil), Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal), Autran Dourado (Brasil), Eugénio de Andrade (Portugal), Maria Velho da Costa (Portugal), Rubem Fonseca (Brasil), Agustina Bessa-Luís (Portugal), Lygia Fagundes Telles (Brasil), Luandino Vieira (Angola), António Lobo Antunes (Portugal), João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (Cabo Verde), Ferreira Gullar (Brasil), Manuel António Pina (Portugal), Dalton Trevisan (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Alberto da Costa e Silva (Brasil), Hélia Correia (Portugal), Radouan Nassar (Brasil), Manuel Alegre (Portugal), Germano Almeida (Cabo Verde), Chico Buarque (Brasil) e Vítor Aguiar e Silva (Portugal).