Os optometristas estão sujeitos a uma exposição de risco elevado ao contágio pelo coronavírus SARS-CoV-2 da COVID-19 no exercício da sua atividade como profissionais de saúde, dada a proximidade com os utentes, nomeadamente com as suas vias respiratórias. Esta preocupação levou a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), que representa mais de 1.276 optometristas em Portugal, a questionar o Ministério da Saúde sobre o prazo previsto para o processo de vacinação dos optometristas.
Raúl de Sousa, Presidente da APLO, indicou que os cuidados que os optometristas prestam “são de elevadíssima proximidade do rosto dos utentes e das suas vias respiratórias. Acresce que o contágio através de aerossol não se limita à inalação ou contacto com as vias aéreas do recetor, mas há também referências científicas para o contágio através da superfície ocular”.
Para o Presidente da APLO “no que respeita aos cuidados para a saúde da visão, a pandemia evidenciou todos os defeitos, más práticas e gestão inadequada da prestação destes cuidados no SNS. É a tempestade perfeita! Barreiras de acesso aos cuidados para a saúde da visão intransponíveis para a maioria dos portugueses, típicas das décadas anteriores, exponenciadas pelo encerramento da atividade assistencial, num ano absolutamente invulgar. A solução encontrada, até à data, é fazer o mesmo que sempre falhou e esperar que os resultados sejam diferentes.”
“É imperioso o entendimento sobre a necessidade de Portugal seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Nestas incluem-se as que versam as intervenções para o erro refrativo, descritas na versão preliminar do Compêndio da Organização Mundial da Saúde, com referência central ao papel do optometrista”, concluiu Raúl de Sousa.
A APLO esclareceu que os optometristas realizam dois milhões de consultas todos os anos, e estão na linha da frente para a principal causa de deficiência visual e cegueira evitável.
Os optometristas são “uma classe que aguarda o reconhecimento do Estado Português, a partir de uma iniciativa legislativa que materialize o que já se pratica há 30 anos em Portugal e há 250 anos no mundo: a definição do acesso e regulação da profissão de optometrista, que protege tanto os profissionais como os utentes”.