Martin Griffiths, Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência das Nações Unidas declarou ontem, 30 de abril, que “depois de quase sete meses de hostilidades brutais que mataram dezenas de milhares de pessoas e mutilaram outras dezenas de milhares, Gaza prepara-se para ainda mais sofrimento e miséria”.
O coordenador das Nações Unidas lembrou: “Há semanas que o mundo apela às autoridades israelitas para que poupem Rafah, mas uma operação terrestre está no horizonte imediato.”
Para além dos responsáveis dos Governos dos EUA, da União Europeia e de muitos outros países, têm-se realizado em várias partes do mundo manifestações contra a ação israelita em Gaza, e nos últimos dias estudantes de universidades dos EUA e de Paris, em França, têm vindo a manifestar-se pedindo o fim da intervenção em Gaza.
No entanto, Israel não mostra qualquer intenção de parar as atividades militares e vem anunciando que irá levar a cabo uma intervenção em Rafah.
Martin Griffiths lembrou: “Para as centenas de milhares de pessoas que fugiram para o ponto mais meridional de Gaza para escapar a doenças, à fome, às valas comuns e aos combates diretos, uma invasão terrestre significaria ainda mais trauma e morte.”
“Para as agências que lutam para fornecer ajuda humanitária, apesar das hostilidades ativas, das estradas intransitáveis, dos engenhos não detonados, da escassez de combustível, dos atrasos nos postos de controlo e das restrições israelitas, uma invasão terrestre seria um golpe desastroso”, acrescentou Martin Griffiths.
“Estamos numa corrida para evitar a fome e a morte e estamos a perder”, afirmou o coordenador das Nações Unidas e lembrou que “enquanto isso, os reféns restantes ainda não foram libertados. A fome está tomando conta. As regras da guerra continuam a ser desprezadas”.
Em Israel continuam as manifestações apelando ao Governo para fazer mais pelo regresso dos reféns mantidos pelo Hamas, mesmo concedendo cedências como a paragem das atividades militares, lembrando que as atividades militares não permitiram diretamente libertar os reféns.
“Os civis devem ser protegidos e as suas necessidades devem ser satisfeitas”, e neste caso Martin Griffiths, lembrou “a recente reabertura por parte de Israel da passagem de Erez, no norte de Gaza, para transferir ajuda do porto de Ashdod e da Jordânia”, e “os esforços para trazer ajuda por via marítima. Todas as entregas de ajuda devem ser facilitadas e protegidas.”
“Estas melhorias no sentido de trazer mais ajuda para Gaza não podem ser utilizadas para preparar ou justificar um ataque militar total a Rafah”, e concluiu, afirmando que “a verdade mais simples é que uma operação terrestre em Rafah será nada menos que uma tragédia além das palavras. Nenhum plano humanitário pode contrariar isso. O resto é detalhe.”