A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou lista de formulações pediátricas prioritárias para antibióticos. O objetivo é direcionar esforços de investigação e desenvolvimento para dar resposta às necessidades específicas de bebés e crianças.
O trabalho foi identificar antibióticos com indicação pediátrica aprovada para os quais faltam formulações apropriadas para a idade e que precisam receber prioridade de desenvolvimento.
Estes antibióticos da lista de prioridades da PAediatric Drug Optimization (PADO) e as formulações pediátricas devem ser investigadas e desenvolvidas com um horizonte de tempo de 3 a 5 anos.
Também foram identificados antibióticos em desenvolvimento clínico ou antibióticos aprovados sem indicação pediátrica para serem priorizados para desenvolvimento posterior em crianças. Esses antibióticos estão na lista de observação do PADO, e as indicações pediátricas devem ser estudadas num horizonte temporal de 5 a 10 anos.
As Infeções bacterianas, especialmente pneumonia, sepse neonatal e infeções gastrointestinais, continuam sendo as principais causas de mortalidade infeciosa entre crianças menores de cinco anos em todo o mundo.
Apesar da existência de muitas classes diferentes de antibióticos, existem vários desafios no tratamento de crianças com infeções bacterianas, incluindo a falta de acesso aos medicamentos existentes e a serviços laboratoriais de microbiologia de alta qualidade, especialmente em países de baixa e médio rendimento.
“É vital definir as prioridades dos antibióticos para crianças: o desenvolvimento de medicamentos para crianças está inaceitavelmente atrasado em relação aos adultos. A resistência antimicrobiana complica isso ainda mais. A OMS declarou a AMR uma das 10 principais ameaças globais à saúde pública e está a trabalhar rapidamente com parceiros para a combater – desde a definição de alvos essenciais, consciencialização até vigilância e diretrizes” enfatizou Hanan Balkhy, diretor geral adjunto da divisão AMR da OMS, citado em comunicado da Organização.
A OMS alerta que a falta de investimento e a precária infraestrutura de ensaios clínicos para investigação de antibióticos em geral, e em particular para estudos realizados em crianças, agravam ainda mais a situação, devido a investimentos limitados e à falta de incentivos de mercado, entre outros motivos.
A análise anual do pipeline da OMS mostra um declínio no número de antibióticos em desenvolvimento de 31 em 2017 para 27 em 2021. Na fase pré-clínica – antes do início dos ensaios clínicos – o número de produtos manteve-se relativamente constante nos últimos 3 anos.
“A definição de prioridades é o primeiro passo para permitir uma abordagem mais direcionada e eficiente para pesquisa e desenvolvimento”, referiu John Reeder ai, cientista-chefe da OMS. Assim, para a OMS desenvolver um portfólio de medicamentos priorizado das formulações mais necessárias para crianças é essencial para agilizar os esforços e recursos de investigadores e fornecedores em torno de formulações que dão resposta às necessidades mais urgentes das crianças. Atualmente faltam formulações pediátricas apropriadas em todo o pipeline clínico, e em áreas como HIV, hepatite C e tuberculose.
A lista para antibióticos lançada hoje inclui três antibióticos legados que já têm indicação pediátrica, mas para os quais falta uma formulação ideal: amoxicilina-clavulanato, azitromicina e nitrofurantoína.
Também, o cefiderocol, antibiótico de reserva para o tratamento de infeções causadas por bactérias multirresistentes em adultos, ainda está em investigação para uso em lactentes e crianças.
Dois antibióticos, cefepima-taniborbactam e sulbactam-durlobactam, foram incluídos na lista de observação. Espera-se uma investigação mais rápida destes produtos promissores à medida que o desenvolvimento clínico em adultos progride.
Para a OMS o investimento urgente e concertado em investigação e desenvolvimento de melhores formulações pediátricas de antibióticos prioritários é necessário para acelerar as ações em direção a um acesso mais equitativo ao tratamento apropriado para infeções bacterianas em todo o mundo.