A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Governo da Índia acordaram na criação do Centro Global de Medicina Tradicional da OMS, na Índia. Trata-se de um centro global de conhecimento da medicina tradicional, que terá o apoio do governo da Índia com um investimento de 250 milhões de dólares. O Centro em Jamnagar, Gujarat vai aproveitar o potencial da medicina tradicional de todo o mundo através da ciência e tecnologia modernas para melhorar a saúde das pessoas e do planeta.
A OMS estima que cerca de 80% da população mundial use a medicina tradicional, e indica que até o momento, 170 dos 194 dos seus Estados Membros usam a medicina tradicional, e que os mesmos pediram a criação de um corpo de evidências e dados confiáveis sobre práticas e produtos da medicina tradicional.
“Para muitos milhões de pessoas em todo o mundo, a medicina tradicional é o primeiro porto de escala para tratar muitas doenças”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, citado em comunicado.
“Garantir que todas as pessoas tenham acesso a um tratamento seguro e eficaz é uma parte essencial da missão da OMS, e este novo centro ajudará a aproveitar o poder da ciência para fortalecer a base de evidências da medicina tradicional. Sou grato ao governo da Índia por seu apoio e estamos ansiosos para torná-lo um sucesso”, concluiu o responsável da OMS.
O termo medicina tradicional descreve a soma de todos os conhecimentos, habilidades e práticas que as diferentes culturas indígenas usaram ao longo do tempo para manter a saúde e prevenir, diagnosticar e tratar doenças físicas e mentais. O alcance destas medicinas abrange práticas antigas, como acupuntura, medicina Ayurveda e misturas de ervas, além de medicamentos modernos.
Mas hoje, os sistemas e estratégias nacionais de saúde ainda não integram totalmente os milhões de técnicos da medicina tradicional (alternativa), cursos credenciados, unidades de saúde e gastos com saúde. Uma medicina que é cada vez mais proeminente no mundo da ciência moderna.
A OMS lembra que cerca de 40% dos produtos farmacêuticos atualmente em uso derivam de substâncias naturais, o que é de importância vital a conservação da biodiversidade e sustentabilidade. São exemplos, a descoberta da aspirina que se baseou em formulações da medicina tradicional usando a casca do salgueiro, a pílula anticoncecional foi desenvolvida a partir das raízes de plantas de inhame selvagem e os tratamentos contra o cancro infantil foram baseados na pervinca rosada. A investigação que levou ao Prémio Nobel sobre artemisinina para controlo da malária começou com uma revisão de textos antigos da medicina chinesa.
Nos últimos tempos houve uma rápida modernização das formas como a medicina tradicional está a ser estudada. A inteligência artificial é agora usada para mapear evidências e tendências na medicina tradicional e para rastrear produtos naturais quanto às propriedades farmacocinéticas. A ressonância magnética funcional é usada para estudar a atividade cerebral e a resposta de relaxamento que faz parte de algumas terapias da medicina tradicional, como meditação e o yoga, que são cada vez mais utilizadas para a saúde mental e o bem-estar em tempos de stress. Assim, como o uso da medicina tradicional está a expandir-se através de aplicações nos smartphones, por aulas online e outras tecnologias.
O novo centro da OMS irá concentra-se em quatro áreas estratégicas principais: evidência e aprendizagem; dados e análises; sustentabilidade e equidade; e inovação e tecnologia para otimizar a contribuição da medicina tradicional para a saúde global e o desenvolvimento sustentável.