Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) referiu na Cimeira Global de Medicina Tradicional da OMS, a decorrer em Gandhinagar, na Índia, que “um dos grandes pontos fortes da medicina tradicional é a compreensão dos vínculos íntimos entre a saúde dos seres humanos e nosso meio ambiente”.
O responsável da OMS indicou que “a medicina tradicional é tão antiga quanto a própria humanidade”, sendo que “ao longo da história, pessoas em todos os países e culturas têm usado curandeiros tradicionais, remédios caseiros e conhecimentos medicinais antigos para dar resposta às suas necessidades de saúde e bem-estar”.
“Em algum momento das nossas vidas, a maioria de nós usará alguma forma de medicina tradicional”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, e continuou: “Tendo crescido na Etiópia, um país com sua própria história rica de medicina tradicional, vi em primeira mão como as comunidades dependiam de praticantes tradicionais para suas necessidades de saúde”.
“A medicina tradicional não é coisa do passado. Há uma procura crescente por medicina tradicional em todos os países, comunidades e culturas. Uma medicina tradicional complementar e integrativa é especialmente importante para prevenir e tratar doenças não transmissíveis, saúde mental e para um envelhecimento saudável”.
A medicina tradicional tem uma longa história.
“Há mais de 3.500 anos, sumérios e egípcios usavam a casca do salgueiro como analgésico e anti-inflamatório. Os antigos gregos usavam-na para aliviar a dor do parto e curar febres”, e da casca do salgueiro “em 1897, o químico Felix Hoffmann sintetizou a aspirina, e o medicamento melhorou e salvou a vida de milhões de pessoas todos os dias”.
“A pervinca de Madagascar, que agora é a fonte de medicamentos contra o cancro infantil, é mencionada no folclore da Mesopotâmia, bem como na medicina ayurvédica e tradicional chinesa. Plantas medicinais como espinheiro e dedaleira têm sido usadas para tratar doenças cardiovasculares e hipertensão, e um derivado do inhame selvagem mexicano é um dos primeiros ingredientes ativos em pílulas anticoncecionais”, referiu o Diretor-Geral da OMS.
Tedros Adhanom Ghebreyesus continuou referindo: “A Índia tem uma rica história de medicina tradicional através do Ayuverda, incluindo o ioga, que demonstrou ser eficaz no alívio da dor” e acrescentou: “Como alguém que passou muitos anos a investigar a transmissão da malária, sou inspirado pela cientista chinês Tu Youyou, que aproveitou o conhecimento tradicional para alcançar um avanço no tratamento da malária. Depois de testar – sem sucesso – mais de 240.000 compostos para uso em antimaláricos – Tu Youyou voltou-se para a literatura médica tradicional chinesa em busca de pistas. Lá, ela e a sua equipa encontraram uma referência ao absinto doce para tratar febres. Em 1971, a equipa de Tu Youyou isolou a artemisinina, um composto ativo do absinto doce que era particularmente eficaz no tratamento da malária”.
“A artemisinina é agora a espinha dorsal do tratamento da malária” afirmou o responsável da OMS, e concluiu: “ A medicina tradicional fez enormes contribuições para a saúde humana e tem um enorme potencial. Por meio desta cimeira e do Centro Global de Medicina Tradicional da OMS, a OMS está a trabalhar para construir evidências e dados para informar políticas, padrões e regulamentos para o uso seguro, económico e equitativo da medicina tradicional.”