Ao assinalar o Dia Mundial da Malária, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz um apelo para serem implementadas novas intervenções e aumentar as existentes para salvar vidas da malária. Quase 1,5 milhão de crianças com alto risco de doença e morte por malária no Gana, Quénia e Malawi já receberam a primeira dose da primeira vacina contra malária, graças a um programa piloto que está em curso e que é coordenado pela OMS.
Os programas pilotos de vacina contra a malária, lançados em 2019, estão a aumentar a equidade no acesso à prevenção da malária para os mais vulneráveis e assim a salvar vidas. Para a OMS se estes programas forem amplamente implementados então vacinas contra a malária poderão salvar a vida de dezenas de milhares de crianças por ano.
“Temos as ferramentas para reduzir a malária, um pacote de intervenções que inclui controlo de vetores, medicamentos preventivos, testes e tratamento”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, citado em comunicado da Organização.
A estas ferramentas “junta-se uma vacina segura e eficaz contra a malária, que pode salvar a vida de dezenas de milhares de crianças todos os anos. Com investimentos sustentados e esforços ampliados para alcançar os que se encontram em maior risco, a eliminação da malária está ao alcance em muitos países”.
O Dia Mundial da Malária é este ano assinalado sob o tema “Tempo para entregar zero malária: investir, inovar, implementar”. Neste propósito a OMS está a pedir uma implementação mais efetiva das ferramentas e estratégias disponíveis para prevenir, diagnosticar e tratar a malária, particularmente entre as populações marginalizadas.
Dados do último relatório mundial sobre a malária, publicado em dezembro de 2022, verifica-se que ocorreram cerca de 247 milhões de novos casos de malária em 2021. A Região Africana da OMS continua a suportar o fardo mais pesado da doença – representando cerca de 95% de todos os casos de malária (234 milhões) e 96% de todas as mortes (593 mil) em 2021. Quase 80% das mortes por malária na Região Africana ocorreram entre crianças com menos de cinco anos.
Novas estratégias e ferramentas
Os países fizeram algum progresso na expansão do acesso aos serviços de malária para as populações de maior risco. Apesar de algum progresso, muitas pessoas em alto risco de malária ainda não têm acesso a serviços que possam prevenir, detetar e tratar a doença. Os desafios na expansão do acesso aos serviços de malária foram agravados, particularmente na África subsaariana, pela pandemia de COVID-19, crises humanitárias, insuficiente financiamento, fracos sistemas de vigilância e declínios na eficácia das principais ferramentas de combate à malária.
Para enfrentar as ameaças e apoiar os países na construção de programas de malária mais resilientes, a OMS publicou recentemente novas estratégias e estruturas, incluindo:
- uma nova estratégia para conter a resistência aos medicamentos antipalúdicos em África;
- uma nova iniciativa para impedir a propagação do Anopheles stephensi em ambientes urbanos;
- uma nova estrutura, desenvolvida em conjunto pela OMS e UN-Habitat, para orientar os líderes da cidade no controle da malária urbana.
- um novo kit de ferramentas para ajudar os países a avaliar seus sistemas de vigilância da malária e identificar áreas para investimento
A OMS indicou que também aumentou a transparência, flexibilidade e acesso às suas recomendações sobre a malária. As orientações consolidadas da OMS para a malária estão agora disponíveis através de duas plataformas digitais: MAGICapp e a aplicação “Malaria Toolkit”. Assim, a OMS incentiva os países a adaptar as recomendações às configurações locais de doenças para obter o máximo impacto.
Perspetivas para novas intervenções
É considerado que só um investimento contínuo no desenvolvimento e implantação de novas vacinas contra a malária e ferramentas de próxima geração será fundamental para atingir as metas globais de malária para 2030.
Uma segunda vacina contra a malária, se for aprovada, pode ajudar a fechar a lacuna considerável entre a oferta e a procura e reduzir ainda mais as doenças infantis e a morte por malária. A OMS considera uma prioridade continuar a revisão completa e eficiente de especialistas da nova vacina contra a malária R21, uma vez que dados adicionais importantes sobre segurança e eficácia do estudo de fase 3 em curso estejam disponíveis e sejam fornecidos à OMS.
A introdução gradual da vacina contra a malária em outros países da África deve começar no início de 2024.
No espaço de controlo do vetor, existem 28 novos produtos no pipeline de I&D. As ferramentas em avaliação incluem, por exemplo, novos tipos de redes tratadas com inseticida, iscas direcionadas que atraem mosquitos, repelentes espaciais, iscas domésticas letais (tubos de beiral) e engenharia genética de mosquitos.
Os investigadores estão a dar prioridade ao desenvolvimento de tratamentos que usam uma combinação de artemisinina e dois medicamentos parceiros, para reduzir o risco de resistência aos medicamentos.