Dados de um estudo da Organização Mundial da Saúde na região europeia (OMS/Europa) da Organização, publicado na revista “The Lancet Respiratory Medicine” revela que se não tivesse havido uma vacinação contra a COVID-19 o número de mortes provocado pela doença teria sido de 4 milhões em vez dos 2,2 milhões.
Margaux Meslé da OMS/Europa, autora do estudo, disse: “Os resultados são claros: a vacinação contra a COVID-19 salva vidas”, e acrescentou: “Sem o enorme esforço de vacinação, teríamos visto muito mais meios de subsistência interrompidos e famílias perdendo os mais vulneráveis entre elas.”
O estudo mostrou que a vacinação contra a COVID-19 salvou uma grande maioria das vidas durante o período em que a variante Ômicron foi dominante, de dezembro de 2021 a março de 2023.
Onda de verão da COVID-19
Nas últimas semanas, mais de 12 meses após a OMS, em maio de 2023, ter declarado que a COVID-19 deixava de ser uma emergência de saúde pública, vários países da Europa relataram um aumento no número de casos – uma onda de verão da COVID-19. O que vem lembrar que, embora a COVID-19 esteja a desaparecer na memória distante de milhões de pessoas, o vírus ainda não se foi embora.
De facto, refere a OMS, a percentagem de pacientes com doenças respiratórias que têm SARS-CoV-2 como base primária aumentou 5 vezes, nas últimas 8 semanas, e a percentagem de pacientes hospitalizados com COVID-19 também aumentou.
Embora o número absoluto de casos seja menor do que o verificado na onda de inverno, que atingiu o pico em dezembro de 2023, as infeções por COVID-19 na região da Europa, neste verão, ainda estão a causar hospitalizações e mortes.
Para a OMS uma vacina atualizada contra a COVID-19 continua a ser uma ferramenta extremamente eficaz para reduzir hospitalizações e mortes em indivíduos de alto risco, o que inclui pessoas mais velhas ou imunocomprometidas, as com múltiplas condições médicas subjacentes, mulheres grávidas e profissionais de saúde que podem ser facilmente expostos ao vírus.
A Organização de Saúde também indica que tomar uma vacina atualizada contra a COVID-19 também reduz as hipóteses de desenvolver COVID longa.
O aumento do número de casos que têm vindo a ser relatado, neste verão, pode ser explicado por viagens de férias, eventos de grande aglomeração, como grandes torneios desportivos e festivais de música, e menor competição de doenças respiratórias cocirculantes, como a gripe.
Diferentemente da gripe sazonal, a COVID-19 circula o ano todo. Até que esse padrão mude, a Região europeia pode vir a experimentar múltiplas ondas de infeção durante o ano, sobrecarregando os sistemas de saúde e aumentando a hipótese das pessoas ficarem doentes, especialmente as mais vulneráveis.
Proteger-se da COVID-19
Para reduzir as hipóteses de infeção, principalmente agora que a COVID-19 está como mais circulação, deve ser considerado o uso de máscara em espaços internos com grande aglomeração de pessoas. Uma máscara respiratória descartável, como a N95, fornece a melhor proteção. No caso de contacto com alguém que tenha COVID-19, seja um membro da família ou um cuidador, usar uma máscara é especialmente importante.
Lavar as mãos regularmente continua a ser uma medida eficaz de controlo de infeção contra o SARS-CoV-2, bem como muitos outros vírus e bactérias. Uma preocupação sobretudo para pessoas vulneráveis que correm maior risco de resultados graves se forem infetadas.
No caso da pessoa ter sintomas comuns de COVID-19 – como aparecimento agudo de febre, tosse, fadiga ou falta de ar – então pode ter COVID-19. A pessoa deve fazer um teste de COVID-19 para confirmar se você está infetada e para entender o nível de risco para a pessoa e para as outras pessoas que a rodeiam.
Se a pessoa tem alto risco de um resultado grave da COVID-19, então pode ser elegível para receber medicamentos antivirais. Foi demonstrado que os antivirais reduzem significativamente o risco de hospitalização e morte por COVID-19 em pessoas vulneráveis.
Importância da vigilância
A vigilância desempenha um papel fundamental na compreensão dos padrões e tendências da doença, juntamente com o monitoramento da ameaça desconhecida de uma nova variante. Como refere a OMS ter vigilância de alta qualidade é imperativo para que as autoridades de saúde pública possam tomar medidas rápidas e decisivas para proteger as populações de variantes potencialmente mais virulentas da doença.
Globalmente, a variante JN.1 e as suas descendentes, que incluem as chamadas variantes FLiRT KP.2 e KP.3, continuam a ser as variantes mais relatadas. Recentemente, a KP.3 gerou a sua própria descendente, KP.3.1.1, que agora é a variante circulante mais comum na Europa, compreendendo quase um quarto dos vírus sequenciados. Foi detetada em vários países, incluindo França, Itália, Espanha e Reino Unido.
Estas varantes circulantes pertencem à mesma família – chamada de sublinhagem – do SARS-CoV-2 e, embora não se acredite que sejam mais graves, são, no entanto, mais transmissíveis.
A OMS lembra que as vacinas atuais são eficazes na prevenção de doenças graves e mortes entre pessoas infetadas com novas variantes, e estão em curso estudos para verificar a duração da proteção dada pelas doses de reforço.
Futuro da COVID-19
“Embora já estejamos fora da fase pandémica, o SARS-CoV-2 continua a infetar pessoas e a levar a hospitalizações e mortes em nossa Região; portanto, a vacinação contra a COVID-19 continua a ser importante para pessoas com alto risco de resultados graves se forem infetadas”, afirmou Margaux Meslé.
“Continuamos a monitorar a atividade do SARS-CoV-2 e seu impacto, bem como o da gripe e do vírus sincicial respiratório (VSR)”, acrescentou a especialista da OMS.
Como os picos são vivenciados durante o verão, é impossível prever como o vírus se comportará no restante de 2024. Várias ondas podem ser possíveis, já que os países da Europa fizeram a transição da gestão de crise para uma gestão de doenças sustentável, integrada e de longo prazo.
“Pedimos que os indivíduos de alto risco permaneçam alertas e sigam as recomendações nacionais sobre a vacina contra a COVID-19, e que os Estados-Membros da Região Europeia da OMS continuem implementando a vacinação contra a COVID-19, visando os mais vulneráveis”, concluiu a especialista da OMS.