A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifesta estar preocupada com a escalada da crise sanitária no território palestiniano ocupado, incluindo a Cisjordânia, onde os ataques israelitas às infraestruturas de saúde e o aumento das restrições à circulação impostas pelas forças de segurança israelitas estão a obstruir o acesso aos cuidados de saúde.
A OMS indica que a violência na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, desde o início da guerra em Gaza, já resultou na morte de 521 palestinianos, incluindo 126 crianças, entre 7 de outubro de 2023 e 10 de junho de 2024. Além disso, mais de 5.200 pessoas, 800 delas crianças ficaram feridas.
Para além da sobrecarga das unidades de saúde a OMS lembra desde 7 de outubro de 2023 e até 28 de maio de 2024 documentou 480 ataques das forças israelitas aos cuidados de saúde na Cisjordânia, resultando em 16 mortes e 95 feridos. Os ataques afetaram 54 unidades de saúde, 20 clínicas móveis e 319 ambulâncias.
Os ataques das forças de segurança israelitas ocorreram na maioria nas cidades de Tulkarem, Jenin e Nablus, e incluem ataques a infraestruturas de saúde e ambulâncias, bem como a detenção de profissionais de saúde e pacientes, obstrução do acesso às instalações de saúde, uso da força contra profissionais de saúde e buscas militarizadas a ambulâncias e a pessoal.
Para a OMS o encerramento de postos de controlo pelas forças israelitas, as obstruções arbitrárias e as detenções de profissionais de saúde, o aumento da insegurança, bem como o cerco e o encerramento de cidades e comunidades inteiras, tornaram a circulação na Cisjordânia cada vez mais restrita, impedindo o acesso às instalações de saúde. Extensos danos em infraestruturas e habitações, especialmente no norte da Cisjordânia, agravaram a situação ao obstruir o acesso de ambulâncias e socorristas.
Também para a crise fiscal de longa data enfrentada pela Autoridade Palestiniana (AP) está a afetar ainda mais o sistema de saúde e foi agravada pelo aumento da retenção de receitas fiscais por Israel destinadas ao território palestiniano ocupado desde 7 de outubro de 2023, e pela deterioração geral da situação económica em território palestiniano ocupado, descreve a OMS.
O impacto da situação financeira na prestação de serviços de saúde é significativo – com os profissionais de saúde a receberem apenas metade do seu salário durante quase um ano e 45% dos medicamentos essenciais estarem esgotados. Na maioria das áreas da Cisjordânia, as clínicas de cuidados primários e as clínicas especializadas em ambulatório funcionam agora dois dias por semana e os hospitais funcionam com aproximadamente 70% da capacidade.
Entre outubro de 2023 e maio de 2024, a OMS relata que 44% dos 28 292 pedidos de pacientes para acederem a cuidados médicos fora da Cisjordânia, em Jerusalém Oriental ou em instalações de saúde israelitas, foram negados ou permanecem pendentes, sendo o acesso concedido principalmente a cancro, diálise e outros tratamentos que salvam vidas. No mesmo período, 48% dos 26 562 pedidos de autorização de acompanhante foram negados ou permanecem pendentes.
Em Face da situação a OMS apela à proteção imediata e ativa dos civis e dos cuidados de saúde na Cisjordânia, e afirma: “O direito humanitário internacional deve ser respeitado, o que significa que a santidade dos cuidados de saúde deve ser sempre observada.”