A situação de guerra no Sudão está a ter “um impacto terrível na saúde”, afirmou Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e acrescentou que para além das mortes e feridos causados pelo próprio conflito, são esperadas “muito mais mortes devido a surtos, falta de acesso a alimentos e água e interrupções nos serviços essenciais de saúde, incluindo imunização”.
No campo do conflito “a OMS estima que um quarto das vidas perdidas até agora poderiam ter sido salvas com acesso ao controle básico de hemorragias. Mas paramédicos, enfermeiras e médicos não conseguem aceder aos civis feridos e os civis não conseguem aceder aos serviços”.
Na capital do Sudão, Cartum, “61% das unidades de saúde estão fechadas e apenas 16% estão a funcionar normalmente”, uma situação que coloca em risco a saúde da população nomeadamente como referiu o responsável da OMS:
“■ Muitos pacientes com doenças crónicas, como doenças renais, diabetes e cancro, não conseguem aceder aos serviços de saúde ou aos medicamentos de que precisam;
■ Estima-se que, nas próximas semanas, 24.000 mulheres darão à luz, mas atualmente não têm acesso a cuidados maternos” e “os programas de controlo de vetores para prevenir a transmissão da dengue e da malária tiveram de parar;
■ O risco de doenças diarreicas é alto porque o abastecimento de água é interrompido e as pessoas bebem água do rio para sobreviver;
■ Com os programas de nutrição suspensos, 50.000 crianças estão em risco real;
■ E a movimentação de civis em busca de segurança ameaça o frágil sistema de saúde em todo o país.“
Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu que desde “o início do conflito, a OMS verificou 16 ataques à saúde, causando 8 mortes” e que “também está preocupada com a ocupação do laboratório central de saúde pública por uma das partes no conflito”.
Uma ocupação em que “os técnicos não têm mais acesso ao laboratório, o que significa que o laboratório não pode realizar a função normal de diagnóstico e referência”, mas também há preocupação que “os que ocupam o laboratório possam ser acidentalmente expostos a patógenos que lá estejam armazenados. “A OMS está à procura de mais informações e a realizar uma avaliação de risco”.
“Os cortes de energia também ameaçam inutilizar os poucos stocks de sangue armazenados no Banco Central de Sangue” e “os funcionários da OMS estão a arriscar as suas vidas para responder às necessidades urgentes de saúde”, esclareceu Tedros Ghebreyesus.
O responsável da OMS referiu: “Estamos a realocar a nossa equipa e os seus dependentes para um local seguro, mas estamos a fazer planos para continuar as nossas operações da melhor maneira possível”, dado que “a OMS tem stocks de medicamentos essenciais, bolsas de sangue, suprimentos para cirurgias e atendimento a traumas que aguardam entrega. Mas precisamos de acesso seguro para fazer isso”, e concluiu: “Como sempre, o melhor remédio nessa situação é a paz”.