A Organização Mundial da Saúde (OMS) referiu hoje que vários países têm vindo a relatar casos de miocardite e pericardite em indivíduos depois de receberam a vacina COVID-19, mRNA. Os casos relatados ocorreram alguns dias após a vacinação, e em maior número entre os homens mais jovens, e com maior frequência após a toma da segunda dose da vacina.
A miocardite é uma inflamação do músculo cardíaco e a pericardite é uma inflamação do revestimento que envolve o coração. Embora possam causar doenças graves, geralmente são leves e respondem bem ao tratamento.
Um forte sinal de miocardite e pericardite foi relatado recentemente com vacinas COVID-19, mRNA, nos Estados Unidos (EUA). No entanto, o Comité Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP, sigla do inglês) dos Estados Unidos concluiu que os benefícios das vacinas COVID-19, mRNA, da continuam a superar os riscos de miocardite e pericardite, mesmo entre os jovens.
De acordo com os dados do Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas (VAERS, sigla do inglês) dos EUA, ocorreram aproximadamente 40,6 casos de miocardite num milhão de doses, em homens, e 4,2 casos por milhão entre mulheres, com idades dos 12 aos 29 anos, após receberam a vacinas COVID-19, mRNA. Nas pessoas com mais de 30 anos de idade, as taxas relatadas foram de 2,4 e 1,0 por milhão de doses, respetivamente, nos homens e nas mulheres.
O Comité de Avaliação de Risco de Farmacovigilância (PRAC, sigla em inglês) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) na sua recente reunião de 5 a 8 de julho de 2021 analisou os dados mais recentes da Europa e confirmou que existe uma relação causal plausível entre a miocardite e as vacinas mRNA.
O subcomité COVID-19 do Comité Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas (GACVS, sigla em inglês) da OMS analisou todas as informações disponíveis até o momento e observa o seguinte:
■ Os benefícios das vacinas COVID-19, mRNA, superam os riscos na redução de hospitalizações e mortes devido a infeções por COVID-19.
■ Foram observados casos muito raros de miocardite e pericardite após a vacinação com as vacinas COVID-19, mRNA. Os casos ocorreram com maior frequência em homens mais jovens e após a segunda dose da vacina, normalmente alguns dias após a vacinação. A evidência atual sugere uma provável associação causal entre miocardite e as vacinas mRNA.
■ Os dados disponíveis sugerem que o curso imediato da miocardite e pericardite após a vacinação é geralmente leve e responde ao tratamento (por exemplo, repouso, tratamento com anti-inflamatórios não esteroides, etc.). Está a ser feito o acompanhamento para determinar os resultados de longo prazo.
■ Estão em curso estudos mais rigorosos usando fontes de dados alternativas e estudo mais robustos, incluindo comparação de populações vacinadas e não vacinadas, bem como investigações de monitoramento e acompanhamento de longo prazo – o subcomité do GACVS vai continuar a analisar os efeitos da vacina à medida houver mais dados disponíveis.
■ A Food and Drug Administration (FDA) e a EMA forneceram mais informações sobre as vacinas mRNA da Pfizer e da Moderna (Comirnaty e Spikevax), e outras agências também têm emitido avisos e diversas comunicações dirigidas ao público e aos profissionais de saúde, e orientações ou ações a serem tomadas após a vacinação com vacinas mRNA da Pfizer e da Moderna.
■ Os indivíduos vacinados devem ser instruídos a procurar de imediato um médico se desenvolverem sintomas indicativos de miocardite ou pericardite, como um início de dor torácica persistente, falta de ar ou palpitações após a vacinação.
■ Os médicos devem estar preparados para o risco de miocardite e pericardite com as vacinas de mRNA e sobre as pessoas com maior probabilidade de serem afetados. Os médicos devem estar alerta para o surgimento de queixas das pessoas vacinadas como dor torácica aguda, falta de ar e palpitações que podem ser sugestivas de miocardite após a vacinação, especialmente em adolescentes ou jovens do sexo masculino.
■ Sempre que possível, os casos suspeitos devem ser avaliados, orientados e acompanhados por consulta de cardiologia.
■ É importante descartar outras causas potenciais de miocardite e pericardite, incluindo infeção por COVID-19 e outras etiologias virais. Para auxiliar na avaliação pode ser necessário consultar um especialista em doenças infeciosas e / ou em reumatologia.
Embora se reconheça os claros benefícios das vacinas mRNA na redução de mortes e hospitalizações devido a infeções por COVID-19, o subcomité da OMS incentiva todos os profissionais de saúde a relatar todos os eventos de miocardite e outros eventos adversos observados com estas e outras vacinas.