As obras que marcaram o regime de António Salazar vão estar em debate num colóquio na Universidade de Coimbra (UC), em que fazem parte da comissão científica Luís Miguel Correia, do Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia, e Joana Brites, da Faculdade de Letras.
O colóquio com tema “Obras Públicas no Estado Novo”, que decorre no Anfiteatro II da Faculdade de Letras, nos dias 6 e 7 de novembro, reúne três dezenas de especialistas.
Luís Miguel Correia e Joana Brites indicaram, citados pela UC, que o colóquio pretende “realizar um balanço, necessariamente crítico, das muitas e multifacetadas obras públicas promovidas pelo Estado Novo, focando o seu papel na afirmação do próprio regime, os seus protagonistas e o seu legado construído.”
O evento que reúne também “uma nova geração de investigadores que através dos seus recentes trabalhos têm produzido uma renovada leitura sobre a obra do regime” vai ter na abertura uma sessão que conta com o historiador britânico Roger Griffin, da Oxford Brookes University. Roger Griffin é “um renomado historiador do fascismo, permitindo situar internacionalmente a problemática das campanhas de obras públicas no quadro dos regimes fascistas e do modernismo.”
Ana Tostões vai, na sessão seguinte, reflete sobre a “Arquitetura das obras públicas como um instrumento do Governo”. Em que “a questão da monumentalidade e da imagem de regime são o fio condutor da apresentação sobre a busca do monumento convocado nas diversas vertentes: retórico clássico, pastoral regional, moderno radical.”
Na sessão de Ana Tostões é colocada em destaque “a obra de Porfírio Pardal Monteiro, o arquiteto que mais construiu a obra pública do Estado Novo e que se celebrizou como um dos primeiros modernos na primeira metade do século XX.”
Os especialistas abordam, em seguida, os temas “O Ministério das Obras Públicas de Duarte Pacheco”, por Sandra Vaz Costa, e “Ser arquiteto num tempo (1930-1950) e num lugar (Portugal)”, por Ana Isabel Ribeiro, com a moderação assegurada por Luís Reis Torgal.
No dia 6 de novembro, à tarde, o colóquio é dedicada aos temas “Obras públicas e ‘melhoramentos’ locais: entre Lisboa e o País (real)”, por Ricardo Agarez; “A ordem identitária das obras públicas”, por Nuno Rosmaninho; “Mobiliário e obras públicas”, por João Paulo Martins e Sofia Diniz; “Monumentos Nacionais: a construção de um legado”, por Luís Miguel Correia; “O Livro de Ouro da Exposição 15 Anos de Obras Públicas: arquitetura e propaganda”, por Margarida Acciaiuoli. A moderação do debate é assegurada por Sergio Fernandez.
A terminar esta sessão da tarde é exibido o documentário “Quinze Anos de Obras Públicas”, apresentado em 1948, no âmbito desta iniciativa do regime estadonovista, com realização de António Lopes Ribeiro, Felipe de Solms e Carlos Filipe Ribeiro.
No dia 7 de novembro, o debate centra-se na discussão dos planos gerais de urbanização, por José Cabral Dias, nas várias tipologias arquitetónicas programadas e construídas pelo regime e, no papel das obras públicas na infraestruturação do território colonial, por Ana Vaz Milheiro.
Ainda com a moderação de Alexandre Alves Costa, durante a manhã, as infraestruturas são abordadas as hidroelétricas, por Fátima Fernandes, os equipamentos escolares, por Gonçalo Canto Moniz e António Rochette Cordeiro, a habitação de intervenção estatal por Rui Ramos, Eliseu Gonçalves e Sérgio Dias Silva e as filiais e agências da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, por Joana Brites.
Na tarde do dia 7, as apresentações centram-se na arquitetura hospitalar, por Helena Gonçalves Pinto, na judiciária, por António Manuel Nunes, na religiosa, por João Luís Marques e João Alves da Cunha, na arquitetura de cultura e lazer, por Susana Lobo e Susana Constantino, e ainda nos edifícios dos CTT.