O risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) aumenta nas pessoas obesas, mas a obesidade também aumenta os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, doenças osteoarticulares e alguns tipos de cancro, lembra Sandra Alves, membro da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade uma pandemia com consequências muito graves para a saúde mundial e tem vindo a recomendar a tomada de medidas que possam contrariar a tendência de aumento da obesidade, sobretudo nos mais jovens.
A OMS recomenda aos governos a urgente implementação de programas que promovam a ingestão de alimentos saudáveis em detrimento daqueles com elevada densidade calórica e das bebidas açucaradas, a atividade física e ambientes escolares saudáveis.
Em Portugal surgem ideias para medidas legislativas que possam levar a uma diminuição do consumo de determinados produtos considerados com excesso de substancias, como o açúcar, gorduras ou sal. A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral alerta “para a adoção de estilos de vida saudáveis e frisa a importância de programas de educação para a saúde”.
De acordo com a OMS, em 2014, mais de 1,9 mil milhões de adultos, ou seja, 39% dos adultos em todo o mundo, tinha excesso de peso, destes, 600 milhões, correspondendo a 13%, eram obesos. Para a SPAVC é ainda mais preocupante “quando se observa que 41 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos têm excesso de peso ou são obesas”.
A SPAVC lembra em comunicado que “em Portugal, em 2014, segundo o Inquérito Nacional de Saúde, mais de metade da população portuguesa adulta, correspondendo a 52,8%, tinha excesso de peso” e que, “de acordo com o Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), 31,6% das crianças entre os 6 e os 8 anos tinham excesso de peso ou eram obesas”.
Na mesma linha da OMS, a Direção-Geral da Saúde (DGS) desenvolveu o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, com o objetivo de modificar comportamentos alimentares e promover hábitos alimentares saudáveis.
Para Sandra Alves, “muitas das medidas sugeridas baseiam-se na necessidade de se modificarem as escolhas alimentares, através de educação para a saúde, tendo como alvos prioritários populações de mais baixo nível de literacia e mais baixos rendimentos”. A especialista refere ainda que o Programa da DGS “menciona ainda medidas que condicionem a procura de alimentos menos saudáveis, das quais se destaca o agravamento do preço por forma a limitar a compra e a direcionar a indústria alimentar no sentido da reformulação dos seus produtos alimentares”.
Sandra Alves, acrescenta ainda que a problemática da obesidade deve ser colocada “na agenda dos decisores políticos para que medidas de combate à obesidade se tornem numa realidade transversal ao país, prevenindo-se dessa forma muitas doenças crónicas não transmissíveis para as quais a obesidade é fator de risco importante, com especial destaque para o acidente vascular cerebral, primeira causa de mortalidade e incapacidade não traumática no nosso país”.