O início de 2019 assinalou oficialmente a entrada em funções do novo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o diplomata Francisco Ribeiro Telles, cargo que pela primeira vez nos mais de vinte anos da organização, é assumido por um português.
Fundada em 1996, a CPLP é atualmente uma organização formada por nove países espalhados pelos cinco continentes, cuja língua oficial ou uma delas, é a língua portuguesa. Nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, que se encontram irmanados no desígnio da língua portuguesa, a quinta mais falada do mundo, enquanto vínculo histórico e património comum dos Estados-membros, assim como da amizade e cooperação.
Num mundo profundamente globalizado e interligado, onde surgem constantes desafios e oportunidades, a CPLP assume assim um papel relevante na dimensão e concertação que confere aos países que a compõem, como é o caso de Portugal. A enorme vitória diplomática que constituiu a eleição do português António Guterres para secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016, não pode ser dissociado do dinamismo e magistratura de influência da CPLP.
O papel da CPLP no mundo atual foi modelarmente expresso por António Guterres, no ano passado, no âmbito do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP (5 de maio). No discurso que então proferiu nos jardins da ONU, o secretário-geral sustentou: “É necessário dizer que nós na CPLP nos orgulhamos da nossa diversidade, reconhecemos que as nossas próprias sociedades são multiétnicas, multiculturais, multirreligiosas, e que isso é um bem, não é uma ameaça, e que isso deve ser valorizado, e afirmado, e que isso deve ser uma lição para outras partes do mundo, outros povos, outras culturas. E penso que a CPLP tem aqui um papel essencial a desempenhar”.
Neste sentido, o novo ciclo que agora se inicia na CPLP é da maior importância para a prossecução da missão da organização. As prioridades do mandato assumidas por Francisco Ribeiro Telles, como a livre circulação de pessoas, a projeção da língua portuguesa e o diálogo sobre os oceanos, parecem ir ao encontro deste papel essencial que a CPLP deve continuar a desempenhar no mundo.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor