O cancro deverá aumentar 20% até 2040

O cancro deverá aumentar 20% até 2040
O cancro deverá aumentar 20% até 2040. Foto: Rosa Pinto

Relatório de 2025 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e União Europeia (UE) sobre o cancro em Portugal indica que embora a situação seja próxima da média da UE, a prevalência do cancro aumentou 27 % entre 2010 e 2020, e a incidência estimada do cancro em Portugal deverá aumentar 20 % até 2040.

Dados do relatório indicam que Portugal regista atualmente as mais elevadas taxas de cancro do estômago e cancro pediátrico da UE. O cancro é a segunda principal causa de morte no país, no entanto, a taxa de mortalidade está a diminuir mas a um ritmo mais lento do que a média da UE. Os homens são indicados como expostos a um risco de mortalidade duas vezes superior ao das mulheres.

Em 2021, as despesas com cuidados preventivos foram em média metade da dos países da UE, no entanto, Portugal destaca-se na prevenção de determinados fatores de risco, ao registar elevadas taxas de vacinação contra o VPH e a hepatite B. Mas a obesidade continua a ser um desafio, com 53 % dos adultos a apresentar excesso de peso ou obesidade, com disparidades socioeconómicas nos comportamentos de saúde.

O relatório refere que a diferença na prevalência do excesso de peso e da obesidade entre as mulheres, com mais e menos habilitações, é a mais acentuada em toda a UE. Sobre as taxas de tabagismo estas encontrem abaixo da média europeia, mas o país regista atrasos nas políticas de redução do consumo de álcool.

A deteção precoce é realizada em Portugal com programas nacionais de rastreio para os cancros da mama, colo do útero e colorretal, principalmente através dos serviços de cuidados primários, sendo a taxa efetiva de rastreio do cancro da mama de 50 %, e a do cancro do colo do útero de 60 %, em 2022. No entanto, o rastreio do cancro colorretal apresenta grandes disparidades regionais, tendo atingido uma taxa reduzida de 14 %.

Os cuidados oncológicos no país são gratuitos através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e os recursos têm sido reforçado significativamente os recursos nos últimos anos, refere o Relatório. A quantidade de clínicos e de equipamento imagiológico aumentou substancialmente, e financiamento da UE do PRR ajudará a substituir equipamentos de radioterapia, tendo em conta que 50 % dos atuais equipamentos já ultrapassaram a sua vida útil ideal. O Relatório refere que está prevista a criação de um centro de protonterapia.

O Relatório da OCDE/UE também indica que os atrasos nas decisões de comparticipação de medicamentos e os tempos de espera para consultas nos hospitais públicos são problemas que subsistem, e que os cuidados paliativos estão a expandir-se, mas que é necessária mais atenção para a reabilitação dos sobreviventes de cancro. A previsão é de que os encargos globais do cancro representem 4,2 % das despesas de saúde entre 2023 e 2050.

A incidência do cancro é indicada como estando ao nível da média da UE, mas os grupos etários mais jovens são os mais afetados. O Relatório cita o Sistema Europeu de Informação sobre o Cancro do Centro Comum de Investigação, para indicar que com base nas tendências de incidência dos anos anteriores à pandemia, é expectável que, em 2022, Portugal tenha registado taxas de incidência de cancro padronizadas pela idade abaixo da média da UE para as mulheres, em menos 6 % e próximo da média da UE para os homens, menos 1 %.

Entre os 677 novos casos por 100.000 homens, Portugal apresenta um padrão semelhante ao da UE, com a percentagem mais elevada de novos casos estimados a dizer respeito ao cancro da próstata, com 140 casos por 100.000, a que se seguem os cancros colorretal, com 114 por 100.000, do pulmão1, com 79 por 100.000, e da bexiga, com 50 por 100.000. No que diz respeito às mulheres, a incidência prevista de cancro é muito mais reduzida, com 460 casos por 100.000 mulheres, uma taxa 32 % inferior à dos homens. Entre as mulheres, as principais localizações do cancro são a mama, com 143 por 100.000, o cólon ou reto, com 63 por 100.000, a tiroide, com 31 por 100.000 e o pulmão, com 28 por 100.000.

O cancro do estômago é o quinto mais frequente, tanto nos homens como nas mulheres, com taxas de incidência que atingem praticamente o dobro da média da UE, sendo que as mulheres portuguesas registam a segunda maior incidência entre todos os países da UE.

O grupo etário dos 15 aos 49 anos registou a segunda maior taxa de incidência de cancro em ambos os sexos no conjunto dos países da UE, ao passo que os restantes grupos etários dos 50 aos 69 anos e dos 70 anos ou mais anos apresentaram algumas das mais baixas taxas de incidência de cancro. Embora vários fatores possam contribuir para este padrão, a incidência particularmente elevada entre as pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos.