Os colírios desenvolvidos por investigadores da Universidade de Colúmbia Britânica (UCB), no Canadá, podem vir a tratar o glaucoma enquanto o paciente dorme, ajudando a curar uma patologia que é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo.
“Os colírios medicinais são comumente usados para tratar o glaucoma, mas muitas vezes são pouco absorvidos. Menos de 5% do medicamento permanece nos olhos porque a maioria das gotas sai do olho”, referiu o investigador principal Vikramaditya Yadav, professor de engenharia química e biológica e engenharia biomédica na UCB.
Vikramaditya Yadav acrescentou: “Mesmo quando o medicamento é absorvido, pode não chegar à parte de trás do olho, onde começaria a reparar os neurónios danificados e a aliviar a pressão que caracteriza o glaucoma”.
Para resolver esses problemas, a equipa de investigadores da UCB desenvolveu um hidrogel que foi preenchido com milhares de nanopartículas contendo ácido cannabigerólico (CBGA), um composto de cannabis que mostrou poder aliviar os sintomas do glaucoma.
Ao aplicarem as gotas nas córneas doadas de porco, que são semelhantes às córneas humanas, os investigadores descobriram que o medicamento foi absorvido rapidamente e atingiu a parte de trás do olho.
Vikramaditya Yadav esclareceu que o paciente “aplicaria os colírios pouco antes de dormir e estes formariam uma lente em contato com o olho. As nanopartículas dissolvem-se lentamente durante a noite e penetram na córnea. De manhã, a lente dissolve-se completamente”.
Estudos anteriores mostram que os canabinóides, como o CBGA, são eficazes no alívio dos sintomas do glaucoma, mas ainda nenhum colírio à base de cannabis foi desenvolvido até agora, dado que os canabinóides não se dissolvem facilmente na água, indicaram os investigadores.
“Ao suspender o CBGA num composto de nanopartículas de hidrogel, desenvolvemos o que acreditamos ser o primeiro colírio à base de canabinóide que efetivamente penetra no olho para tratar o glaucoma. Esse composto também poderá vir a ser usado para outros medicamentos destinadas a tratar doenças dos olhos, como infeções ou degeneração macular”, esclareceu Syed Haider Kamal, investigador associado do laboratório de Vikramaditya Yadav e coautor do estudo.
A investigação foi apoiada pela InMed Pharmaceuticals Inc., uma empresa de investigação e desenvolvimento de medicamentos que se concentra no potencial terapêutico dos canabinóides.
Este sistema de entrega de medicamentos foi descrito na edição de março de 2018 da Drug Delivery & Translational Research, agora os investigadores estão a trabalhar para ampliar a produção de hidrogel e desenvolver mais moléculas de canabinóides antiglaucoma, usando micróbios geneticamente modificados.