Um biomarcador crítico da doença renal pode ajudar a prever o carcinoma de células claras do rim, que é a forma mais comum de cancro renal, vários anos antes do diagnóstico clínico. A molécula de lesão renal-1 (KIM-1) pode ser detetada na urina e no sangue e geralmente está presente em níveis baixos em indivíduos saudáveis.
Investigação desenvolvida pelo Brigham and Women’s Hospital (BWH) mostrou que o KIM-1 é um biomarcador importante e altamente preditivo de lesão renal. Um novo estudo publicado na revista ‘Clinical Cancer Research’, investigadores do BWH, em conjunto com investigadores do Bethea Israel Deaconess Medical Center, descreve que um exame ao sangue pode detetar o KIM-1, e que concentrações mais elevadas deste biomarcador indicam que esses pacientes vão desenvolver cancro renal dentro dos próximos cinco anos.
Os investigadores indicam, no estudo, que o biomarcador KIM-1 ajuda de forma segura a distinguir quais as pessoas que vão desenvolvem cancro de rim e das que com grande probabilidade não o vão desenvolver.
“A deteção precoce do cancro renal pode salvar vidas. Podemos curar o cancro do rim quando o detetamos num estágio inicial, pois os pacientes com cancro renal avançado têm uma taxa de mortalidade muito alta”, referiu Venkata Sabbisetti, de Divisão Renal do BWH.
O investigador indicou ainda que o cancro renal é assintomático e muitos pacientes apresentam cancro renal avançado no momento do diagnóstico, pelo que os “resultados sugerem que o KIM-1 tem o potencial de identificar pacientes com cancro renal numa fase precoce e portanto curável.”
Venkata Sabbisetti e os outros investigadores envolvidos no estudo mediram as concentrações de KIM-1 em amostras recolhidas de pacientes inscritos no programa ‘Investigação Prospetiva Europeia em Cancro e Nutrição’. A equipa comparou os níveis de KIM-1 de 190 participantes que desenvolveram cancro renal nos cinco anos e de 190 participantes da (mesma idade, índice de massa corporal, hábitos de tabagismo, etc.) que permaneceram saudáveis. Tendo-se verificado que os que desenvolveram cancro renal tinham, em media, o dobro do nível de KIM-1, dos que não desenvolveram cancro renal.
A equipa de investigadores descreveu que o aumento de KIM-1, num modelo de previsão do risco de cancro renal, praticamente duplicou a precisão desse modelo. KIM-1 foi substancialmente mais sensível para a deteção do cancro renal do que o antígeno específico da próstata é para o cancro da próstata.
No entanto, os investigadores indicaram que o KIM-1 deve ser medido juntamente com outros marcadores específicos da doença renal para que o teste seja útil na deteção precoce, no caso da população em geral.
Os autores do estudo indicaram: “Nós imaginamos que o KIM-1 será útil em cenários onde o risco de cancro renal é maior, como no caso de pacientes submetidos à tomografia computadorizada abdominal, onde o KIM-1 pode ser usado para estratificar o risco de carcinoma de células renais.”
Os investigadores concluíram: “Isto será particularmente importante dado o número de exames de tomografia de rotina e a forte associação entre o número de tomografias computadorizadas e o número de nefrectomias realizadas ao nível regional nos EUA, indicando uma carga substancial de sobrediagnóstico”, uma prática que se vem generalizando também noutros países.