Cerca de 7 por cento dos nascimentos de crianças na Dinamarca são prematuros. Uma condição que assume uma grande importância para o desenvolvimento da criança, mas também porque afeta o corpo da mulher, dado que inesperadamente tem de produzir a nutrição necessária para a criança recém-nascida.
Investigação anterior tinha demonstrado que o leite materno das mulheres, que dão à luz prematuramente, é diferente do leite materno das mulheres que dão à luz a termo.
Os investigadores focaram os exames nos macronutrientes do leite, como as proteínas, as gorduras e os hidratos de carbono, e concluíram que o leite das mulheres que dão à luz prematuros tem normalmente um teor mais elevado dos macronutrientes comparativamente ao leite das mulheres grávidas que dão à luz após as 37 semanas.
Para os investigadores, o leite compensa, em parte, o facto da criança prematura não estar totalmente desenvolvida mas também protege o bebé, assegurando a colonização de bactérias benéficas no intestino.
Agora, uma nova investigação da ‘Aarhus University’ mostra que o leite materno das mulheres que dão à luz prematuros possui uma composição diferente de macronutrientes, mas também é diferente a composição de micronutrientes (metabolitos).
Ulrik Kræmer Sundekilde, investigadora no Departamento de Ciência dos Alimentos da ‘Aarhus University’, e responsável pelo estudo que utilizou análises metabolómicas globais, refere que “o leite materno é o melhor exemplo de comida personalizada, ou seja, a criança recebe a nutrição exata que precisa”.
A questão que se coloca aos investigadores é saber se “a ‘natureza’ incluiu uma espécie de compensação para assegurar a nutrição ideal do prematuro”.
Uma nova análise veio demonstrar que a composição do leite produzida pelas mães de prematuros, algumas semanas após o nascimento, é idêntica à que é disponível para os bebés que nascem às 37 semanas. Se uma mulher dá à luz na 25ª semana ela vai, a partir da 30ª semana, produzir leite similar ao leite produzido por uma mãe que deu à luz a termo.
“Nós ainda não sabemos a importância nutricional de todos os metabolitos e, como os prematuros têm outras necessidades nutricionais, isto pode constituir um desafio”, refere Ulrik Kræmer Sundekilde, e esclarece “que os prematuros ainda não estão totalmente desenvolvidos para digerir o leite, durante um período que é extremamente importante para o seu crescimento e desenvolvimento futuro”.
Os cientistas obtiveram resultados das analises aos metabólitos das amostras de leite de 45 mulheres, durante um período de 14 semanas após o parto, que classificam de ‘muito importantes’. Uma análise que é tanto mais importante, porque é a primeira vez que os cientistas fazem a caracterização e comparação do teor de micronutrientes no leite materno, num grupo de mães de prematuros ao longo de um extenso período.
Os investigadores indicam que o próximo passo será proceder a um estudo ainda mais extenso, incluindo mais mães. “Nós também gostaríamos de acompanhar o desenvolvimento das crianças e compara-lo com as composições do leite materno, com que são alimentados”, disse a investigadora.
Para os investigadores a análise do leite após o nascimento permite personalizar o leite e adaptá-lo às necessidades da criança, adicionando os nutrientes que possam estar em falta. Atualmente são adicionados macronutrientes porque se conhece que o teor do leite natural não possui os suficientes. “Este novo método permite-nos analisar se isso também é verdadeiro em relação ao conteúdo de micronutrientes”.
“Se formos capazes de demonstrar uma ligação entre o teor de nutrientes do leite e desenvolvimento da criança, então podemos usar o método de análise para determinar se o leite é suficientemente rico em nutrientes, e desta forma podemos ajudar os prematuros vulneráveis proporcionando-lhes uma melhor nutrição, que a fornecida exclusivamente pelo leite materno”, afirma Ulrik Kræmer Sundekilde.