Um novo método, não tóxico, para fornecer medicamentos anticancerígenos a determinadas partes específicas do corpo humano pode significar o fim dos efeitos colaterais severos e desagradáveis associados a muitas terapias contra o cancro, indicam investigadores da Faculdade de Farmácia e Ciências Farmacêuticas da Universidade de Cardiff.
O método envolve o uso de um novo tipo de nanotubo – um pequeno tubo usado em muitas aplicações, incluindo na entrega de medicamentos. O novo tubo, concebido e criado pelo investigador Ben Newland, na Universidade de Cardiff, é feito de um polímero não tóxico chamado polietilenoglicol.
O nono nanotubo, ao contrário dos atuais, que podem causar ferimentos como toxicidade, esta nova versão é flexível e biocompatível, o que significa que é bem tolerado pelo organismo. O estudo foi já publicado na revista científica Nanoscale, em um artigo intitulado “Soft and flexible poly(ethylene glycol) nanotubes for local drug delivery”.
Os investigadores consideram que o desenvolvimento deste novo nanotubo irá proporcionar uma melhor maneira de fornecer medicamentos anticancerígenos, como também vai levar a muito menos efeitos colaterais.
Atualmente, muitos medicamentos usados na quimioterapia, para tratar várias formas de cancro, são administrados através de uma injeção na corrente sanguínea. Embora esses medicamentos atinjam as células cancerígenas, os medicamentos também têm um impacto negativo nas células saudáveis, causando uma série de efeitos colaterais severos, incluindo perda de cabelo, doença e fadiga extrema.
O novo nanotubo tem o potencial de permitir que o medicamento seja injetado numa parte específica do corpo, o que significa que o resto do corpo não é em grande parte afetado pelos medicamentos tóxicos anticancerígenos.
Para explorar as capacidades do novo método, os investigadores verificaram a eficácia do novo nanotubo no tratamento do cancro da mama. Para isso administraram um medicamento chamado doxorrubicina através do novo nanotubo e compararam com a administração da mesma dose de doxorrubicina injetada na corrente sanguínea.
Os investigadores indicam que os resultados revelaram uma redução na taxa de metástase (disseminação do cancro) e na taxa de crescimento do tumor no caso da administração do medicamento por nanotubos. A equipa de investigadores considera que o desenvolvimento do novo nanotubo possa levar a terapias contra o cancro mais eficazes.
Ben Newland, da Universidade de Cardiff, referiu: “Com o desenvolvimento de um novo tipo de nanotubo, estamos em um território desconhecido. Estamos nos estágios iniciais desta pesquisa, mas é emocionante pensar nas melhorias potenciais na forma como os medicamentos são entregues.”
O projeto de investigação envolveu uma colaboração entre a Faculdade de Farmácia e Ciências Farmacêuticas da Universidade de Cardiff, o Instituto Leibniz de investigação de Polímeros em Dresden e a Universidade de Strathclyde. O projeto foi financiado pelo Welcome Trust.