Um novo estudo, que envolveu adultos a partir da meia-idade sobre níveis de fragilidade e saúde cardíaca, apresentou conclusões, já publicadas no American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology, que sugerem que o movimento do corpo com exercícios regulares e menos tempo sentado, pode ajudar a manter as doenças cardíacas e a fragilidade sob controlo à medida que se vai envelhecendo.
É estimado que 11% dos idosos que vivem sozinhos sofrem de fragilidade. A fragilidade é definida como “o acúmulo de deficits de saúde”, o que se traduz num estado de maior vulnerabilidade a resultados adversos de saúde, como uso frequente de serviços de saúde, baixa qualidade de vida, incapacidade e morte. Embora as mulheres vivam mais do que os homens, são, no entanto, mais propensas a ter níveis mais altos de fragilidade. Em geral, a ligação entre fragilidade e saúde cardíaca não é bem compreendida.
Investigações anteriores já haviam mostrado que a fragilidade é um próprio fator de risco para doenças cardiovasculares e, inversamente, pessoas com pressão alta têm mais probabilidade de apresentar fragilidade. Recorrendo ao Canadian Longitudinal Study on Aging, investigadores da Universidade de Sherbrooke, no Canadá, testaram a associação entre o nível de fragilidade com pressão alta e doenças cardíacas. Eles também observaram como essa associação diferia entre homens e mulheres e se a atividade física desempenhava um papel nos níveis de risco.
O Estudo Longitudinal Canadense sobre Envelhecimento é composto por quase 30.000 adultos de meia-idade ou mais velhos, entre 45 e 85 anos, que participaram de testes presenciais. Pessoas que foram diagnosticadas com declínio cognitivo ou que vivem em unidades de cuidados continuados não foram consideradas elegíveis para o estudo. Os voluntários responderam a perguntas sobre sua saúde, nível de atividade física e perceção sobre sua estabilidade económica; participaram de exames físicos e deram amostras de sangue. A equipa de investigação do Estudo Longitudinal Canadense sobre Envelhecimento fez o acompanhamento com os participantes no estudo passados três anos.
Algumas das conclusões dos investigadores incluíram:
■ Os homens eram mais velhos, pesavam mais e tinham pressão arterial mais alta que as mulheres.
■ Os homens realizaram mais atividade física em todos os níveis de intensidade, mas o seu tempo sentado foi aproximadamente igual ao das mulheres.
■ Mais homens tiveram angina ou sobreviveram a um ataque cardíaco.
■ Mais mulheres tinham doença vascular periférica.
■ As mulheres apresentaram maior taxa de fragilidade.
Passados os três anos, a equipa de investigadores observou:
■ Um nível de fragilidade basal mais alto foi associado a um risco maior de pressão alta e doença cardíaca em ambos os sexos.
■ Ficar mais tempo sentado e gastar menos tempo a participar de atividades de intensidade leve a moderada e exercícios de fortalecimento foram correlacionados a piores níveis de fragilidade em ambos os sexos.
■ Ficar menos tempo sentado e participar em mais exercícios levou a menos pressão alta em ambos os sexos.
■ Passar menos tempo sentado (somente mulheres) e praticar exercícios (ambos os sexos) explicaram parcialmente a ligação entre fragilidade e pressão alta.
■ Exercícios leves a moderados foram particularmente benéficos para as mulheres.
O facto do movimento físico leve a moderado desempenhar um papel benéfico na saúde cardíaca das mulheres, mas não dos homens, foi considerada pelos investigadores uma descoberta particularmente interessante, e referiram que “dado que a fragilidade tende a ser maior entre as mulheres do que entre os homens, a atividade conduzida em uma intensidade leve a moderada (por exemplo, caminhada lenta ou rápida) pode ser particularmente útil para combater a fragilidade e a doença cardíaca entre as mulheres”.
“Em geral, o estudo documentou as associações entre níveis mais baixos de fragilidade e melhor saúde cardíaca e o impacto favorável dos fatores de movimento na hipertensão entre homens e mulheres”, escreveram os investigadores. “Menos tempo sentado e envolvimento em atividades físicas mais intensas podem ser intervenções viáveis para reduzir a prevalência de fragilidade e pressão alta e desvincular o elo entre suscetibilidade à doença e saúde cardiovascular adversa.”