Medicamentos aprovados recentemente estão a mudar rapidamente o tratamento de pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA). As novas opções terapêuticas são menos tóxicas e usam medicamentos mais direcionados, oferecendo mais esperança de vida, especialmente entre pacientes mais idosos e os mais frágeis.
A conclusão sobre as novas terapias para a LMA, consta de um estudo elaborado por médicos cientistas do Sylvester Comprehensive Cancer Center da Faculdade de Medicina Miller da Universidade de Miami. EUA, e já publicado no Journal of the American Medical Association Oncology (JAMA Oncology).
“Tem sido um momento emocionante no tratamento da LMA”, disse Mikkael Sekeres, Chefe da Divisão de Hematologia em Sylvester e autor sénior do artigo. “O momento era propício para uma atualização sobre a biologia da LMA e as abordagens de tratamento que adotamos desde a aprovação desses medicamentos”.
Só nos EUA são diagnosticadas anualmente com LMA cerca de 20.800 pessoas uma idade média de início de 69 anos, e de dados do Instituto Nacional do Cancro dos EUA de 2014-2020 indicam que apenas cerca de um terço dos pacientes viveu cinco anos ou mais após o diagnóstico.
Historicamente, verificava-se que uma fração substancial de pacientes não conseguia tolerar a combinação de primeira linha e severa de medicamentos quimioterápicos. Muitos pacientes mais frágeis, tipicamente mais velhos, não recebiam frequentemente qualquer terapia ativa.
A aprovação do medicamento venetoclax em 2020, e medicamentos semelhantes depois dessa data, permitiu que os médicos oferecessem a esses pacientes uma opção menos severa. O venetoclax tem como alvo uma molécula envolvida na morte celular, que promove a apoptose celular. O medicamento é tipicamente combinado com o antigo medicamento quimioterápico azacitidina.
Os pacientes, geralmente toleram melhor a combinação azacitidina-venetoclax do que a quimioterapia tradicional, e muitas vezes permanecem com o tratamento durante o resto da vida.
“Desde que introduzimos essa combinação, mais pacientes estão a ser tratados, mais pacientes estão a ser tratados como pacientes em ambulatório mais próximos das suas casas, e as pessoas que estão a ser tratadas estão a viver mais”, esclareceu Mikkael Sekeres.
Os pacientes também têm beneficiado de terapias direcionadas que atingem diferentes mutações, frequentemente encontradas na LMA, incluindo nos genes FLT3, IDH1 e IDH2.
O primeiro medicamento com alvo molecular, a midostaurina, foi aprovado para tratar pacientes com LMA e mutações FLT3, em 2017. Desde então, foram adicionados vários outros medicamentos.
Midostaurina e outro inibidor de FLT3, a quizartinib, são usados como parte do tratamento inicial de primeira linha em pacientes elegíveis, normalmente combinados com agentes quimioterápicos convencionais.
Outros medicamentos mais recentes foram aprovados para pacientes que não respondem à terapia de primeira linha ou se tornam resistentes, incluindo vários medicamentos que têm como alvo as mutações nos genes IDH1 e IDH2.
Para a médica e investigadora, Sangeetha Venugopal, primeira autora do estudo, é perspetivado um futuro é brilhante para as terapias direcionadas.