Nova vacina da malária para crianças foi aprovada pela OMS

OMS aprova uma segunda vacina para a prevenção da malária, a R21/Matrix-M. Ensaios clínicos mostram que ambas as vacinas são seguras e eficazes na prevenção da malária em crianças. As duas vacinas podem salvar centenas de milhares de vidas jovens em África.

Nova vacina da malária para crianças foi aprovada pela OMS
Nova vacina da malária para crianças foi aprovada pela OMS. Foto: Rosa Pinto

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma nova vacina, a R21/Matrix-M, para a prevenção da malária em crianças. A vacina mereceu pareceu favorável do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS e do Grupo Consultivo para Políticas sobre a Malária.

A vacina R21 é a segunda vacina contra a malária recomendada pela OMS, seguindo a vacina RTS,S/AS01, que recebeu uma recomendação da OMS em 2021. Ambas as vacinas demonstraram ser seguras e eficazes na prevenção da malária em crianças e, quando implementadas amplamente, deverão ter um elevado impacto na saúde pública.

Como descreve a OMS a malária é uma doença transmitida por mosquitos, que representa um fardo particularmente elevado para as crianças na Região Africana, onde quase meio milhão de crianças morrem anualmente devido à doença.

A procura de vacinas contra a malária não tem precedentes; no entanto, a oferta disponível da vacina RTS,S é limitada. A OMS considera que a adição da R21 à lista de vacinas contra a malária recomendadas pela OMS resulte num fornecimento suficiente de vacinas para beneficiar todas as crianças que vivem em áreas onde a malária é um risco para a saúde pública.

“Como investigador da malária, costumava sonhar com o dia em que teríamos uma vacina segura e eficaz contra a malária. Agora temos duas”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS, citado em comunicado da Organização. “A procura da vacina RTS,S excede largamente a oferta, pelo que esta segunda vacina é uma ferramenta adicional vital para proteger mais crianças mais rapidamente e para nos aproximar da nossa visão de um futuro livre de malária”, acrescentou o responsável da OMS

Para Matshidiso Moeti, Diretora Regional da OMS para África, é de grande importância esta nova vacina para o continente, e afirmou: “Esta segunda vacina tem um potencial real para colmatar a enorme lacuna entre a procura e a oferta. Distribuídas em grande escala e amplamente implementadas, as duas vacinas podem ajudar a reforçar os esforços de prevenção e controlo da malária e a salvar centenas de milhares de vidas jovens em África desta doença mortal.”

Principais características da vacina contra a malária R21

A recomendação atualizada da vacina contra a malária da OMS é baseada em evidências de um ensaio clínico em curso da vacina R21 e de outros estudos, que mostraram:

  • Elevada eficácia quando administrada imediatamente antes da época de alta transmissão: Em zonas com transmissão altamente sazonal da malária (onde a transmissão da malária é largamente limitada a 4 ou 5 meses por ano), a vacina R21 demonstrou reduzir os casos sintomáticos de malária em 75% durante nos 12 meses seguintes a uma série de 3 doses. Uma quarta dose administrada um ano após a terceira manteve a eficácia. Esta elevada eficácia é semelhante à eficácia demonstrada quando a RTS,S é administrada sazonalmente.
  • Boa eficácia quando administrada num esquema baseado na idade: A vacina mostrou boa eficácia (com 66%) durante os 12 meses seguintes às primeiras 3 doses. Uma quarta dose um ano após a terceira manteve a eficácia.
  • Impacto elevado: As estimativas de modelos matemáticos indicam que o impacto da vacina R21 na saúde pública deverá ser elevado numa vasta gama de locais de transmissão da malária, incluindo locais de baixa transmissão.
  • Custo-eficácia: A preços de 2 a 4 dólares por dose, a relação custo-eficácia da vacina R21 será comparável a outras intervenções recomendadas contra a malária e outras vacinas infantis.
  • Semelhança entre as vacinas R21 e RTS,S: As duas vacinas são recomendadas pela OMS. No entanto, a R21 e a RTS,S, não foram testadas num ensaio comparativo. Não há evidências, até o momento, que mostrem o que uma vacina tenha um desempenho melhor que a outra. A escolha da vacina a ser utilizada num país deve basear-se nas características programáticas, no fornecimento da vacina e na acessibilidade da vacina.
  • Segurança: A vacina R21 demonstrou ser segura em ensaios clínicos. Tal como acontece com outras novas vacinas, mas a monitorização da segurança continuará.

A OMS referiu que os próximos passos para a segunda vacina recomendada contra a malária, R21/Matrix-M, incluem a conclusão da pré-qualificação em curso da OMS, o que permitirá a aquisição internacional da vacina para uma implementação mais ampla.

Pelo menos 28 países em África planeiam introduzir uma vacina contra a malária recomendada pela OMS como parte dos seus programas nacionais de imunização. Gavi, a Aliança para Vacinas, aprovou o fornecimento de apoio técnico e financeiro para a distribuição de vacinas contra a malária em 18 países. A vacina RTS,S será lançada em alguns países africanos no início de 2024, e espera-se que a vacina R21 contra a malária esteja disponível para os países em meados de 2024.