Uma nova vacina COVID-19 baseada em plataforma diferente das atuais vacinas existentes no mercado já foi testada em humanos por investigadores do Radboud University Medical Center, na Holanda.
A administração da nova vacina em participantes saudáveis mostrou ser bem tolerada e levou a uma boa resposta imune. No entanto, a eficácia da vacina está em estudo e os investigadores esperam ter resultados conclusivos durante 2023.
A nova vacina, ABNCoV2, é diferente das vacinas contra o coronavírus que estão aprovadas e que têm vindo a ser administrada à população, que são as vacinas de mRNA (como as da Pfizer e Moderna), as vacinas vetoriais (como as da Janssen e da AstraZeneca) e a vacina proteica da Novavax.
A ABNCoV2 é uma vacina de partícula semelhante a vírus semelhante ao capsídeo (VLP). Isso significa que a nova vacina contra o coronavírus SARS-CoV-2 consiste em elementos que se assemelham a partículas de vírus. Para o sistema imunológico, essas partículas parecem-se como um vírus, mas não se replicam. Estas partículas semelhantes a vírus podem ser carregadas com antígenos, como a proteína spike do coronavírus SARS-CoV-2. Como resultado, o corpo reage rapidamente ao vírus produzindo anticorpos e células T.
A nova vacina foi desenvolvida pela empresa dinamarquesa de biotecnologia AdaptVac, em colaboração com Radboudumc e o consórcio Prevent-nCoV. A Radboudumc foi responsável pela conceção e implementação do estudo.
Poucos efeitos colaterais
Os dados já publicados na The Lancet Microbe, indica que o estudo foi conduzido por uma equipa de investigadores do Radboud University Medical Center, que investigou a segurança e tolerabilidade da vacina. No estudo foram envolvidos 45 participantes saudáveis, que ainda não tiveram COVID-19 e que que não foram vacinados, a quem foram administradas duas doses da nova vacina.
O grupo de participantes foi acompanhado durante seis meses após a segunda toma da vacina. Os participantes produziram anticorpos e células T contra o SARS-CoV-2. Além disso, o estudo mostrou que a vacina foi bem tolerada pelos participantes do estudo, no entanto, foram relatados alguns efeitos colaterais.
O investigador principal Benjamin Mordmüller, professor de microbiologia médica no Radboud University Medical Center, referiu: “A vacina superou as nossas expectativas em termos de imunidade e tolerabilidade”.
Eficácia da vacina
Para determinar a eficácia da nova vacina, são necessárias investigações de acompanhamento, e para isso estão a decorrer vários estudos de eficácia. A investigadora clínica Merel Smit indicou que está com muita esperança no potencial da vacina. Com esta vacina, a imunidade é mantida durante um longo período de tempo e por isso uma dose reforço poderá ocorrer em intervalos muito longos.
Outras doenças infeciosas
Uma vantagem importante da nova vacina é a capacidade de adaptação rápida caso o vírus SARS-CoV-2 adquira mutações que reduzam a eficácia da vacina ABNCoV2. Além disso, essa chamada plataforma cVLP, a base da vacina, é altamente flexível e também pode ser usada para desenvolver vacinas melhoradas para doenças infeciosas globais, como malária e influenza. Isso ainda não era possível com a vacina contra o vírus HPV. Uma vacina contra a malária está sendo desenvolvida com base nessa vacina, que deverá ser testada no próximo ano.
Para Benjamin Mordmüller: “os resultados são notícias muito boas para o desenvolvimento de vacinas contra uma ampla gama de doenças infeciosas para as quais não temos vacinas convencionais ou apenas parcialmente ativas”, diz Mordmüller.