Estima-se que existam dois mil milhões de indivíduos portadores de tuberculose (TB) a nível mundial e que até 10% desses indivíduos desenvolvem a doença durante a sua vida. A tuberculose é a doença infeciosas que mais mata no mundo.
Investigadores médicos australianos do Instituto Centenário de Medicina do Cancro e Biologia Celular (Instituto Centenário) e da Universidade de Sydney desenvolveram e testaram, com sucesso, um novo tipo de vacina contra a tuberculose.
Os resultados dos trabalhos dos médicos investigadores publicados no “Journal of Medicinal Chemistry” indicam que a vacina, em estágio inicial, demonstrou fornecer proteção substancial contra a TB, num ambiente de laboratório pré-clínico.
“A tuberculose é um enorme problema de saúde mundial. É causada por uma bactéria que infeta os pulmões depois de inalada, é contagiosa e leva aproximadamente à morte 1,6 milhões de pessoas, por ano, em todo o mundo”, referiu Anneliese Ashhurst, coautora principal do estudo.
O estudo de investigação para este desenvolvimento da vacina da TB teve uma duração de mais de cinco anos. Durante esse tempo, Anneliese Ashhurst e uma equipa de cientistas criaram a vacina contra TB e demonstraram a sua eficácia usando modelos de ratos.
“Dois peptídeos (pequenas proteínas) que são normalmente encontrados na bactéria da tuberculose foram sintetizados e então ligados fortemente extremamente a um adjuvante (um estimulante) que foi capaz de dar início à resposta imune nos pulmões”, referiu a investigadora.
Anneliese Ashhurst acrescentou: “Fomos capazes de mostrar que quando esta vacina foi inalada para os pulmões, estimulou células T conhecidas por protegerem contra a TB. Demonstramos que este tipo de vacina pode proteger com sucesso contra a infeção”.
Warwick Britton, chefe do Instituto de Investigação de Tuberculose do Instituto Centenário e Richard Payne, da Escola de Química da Universidade de Sydney, consideram importante o trabalho que está a ser realizado, dado que “atualmente existe apenas uma vacina isolada para TB (conhecida como BCG) e que só é eficaz na redução do risco de doença em crianças”.
A BCG “não consegue prevenir a infeção ou fornecer proteção a longo prazo em indivíduos mais velhos e não é considerada adequada para uso em indivíduos com um sistema imunológico comprometido. Vacinas mais eficazes são urgentemente necessárias para salvar vidas”, referiu Warwick Britton.
Para o investigador a estratégia adotada com a nova vacina, que gera diretamente a imunidade nos pulmões, provou ser uma abordagem de investigação correta. “O importante é que a vacina chega aos pulmões porque é onde está a tuberculose”.
“Gostaríamos de ver uma forma dessa vacina disponível para uso em spray nasal que fosse facilmente inalado para proporcionar proteção contra tuberculose ao longo da vida” indicou Warwick Britton. Mas embora esta possibilidade ainda esteja a muitos anos de distância, “estamos certamente a ir na direção certa”.
Os próximos passos serão determinar “se a vacina sintética pode ser desenvolvida numa forma adequada para uso humano “, concluiu o investigador.