Vírus, traumas físicos ou outros problemas podem ter um impacto sério nos pulmões e, quando o dano está nas regiões inferiores, os tratamentos tradicionais, como medicamentos inalatórios, podem não ter o efeito desejado. O estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina Perelman, da Universidade da Pensilvânia, EUA, mostra que uma combinação de mRNA e uma nova nanopartícula lipídica pode ajudar a tratar os pulmões danificados.
“Os pulmões são órgãos difíceis de tratar porque os danos permanentes e temporários ocorrem geralmente em regiões mais profundas, onde a medicação não chega facilmente”, referiu Elena Atochina-Vasserman, cientista no Penn Institute for RNA Innovation. A cientista acrescentou: “Mesmo os medicamentos administrados por via intravenosa são disseminados” não atingindo em concreto o alvo pretendido.
Os dados pulmonares podem ser causados por uma variedade de causas, desde acidentes físicos que causam inflamação dos pulmões até vírus respiratórios como o vírus da COVID, os da gripe e o vírus sincicial respiratório. Os vírus podem só por si levar a uma resposta inflamatória desencadeando um acumular de fluido nas vias aéreas, excesso de muco, morte celular e danos no revestimento dos pulmões.
Os pulmões enfraquecidos em situação aguda ou crónica podem ser fatais. Doenças respiratórias foram a terceira principal causa de morte no mundo, mesmo antes da pandemia de COVID-19, revela estudo publicado na revista “The Lancet”.
Uma nova nanopartícula lipídica
As vacinas de mRNA para COVID usam nanopartículas lipídicas exclusivas como sistema de entrega de mRNA. O método do novo estudo combinou o mRNA com apenas uma nanopartícula lipídica exclusiva – dendrímeros Janus anfifílicos ionizáveis (IAJDs) que foram derivados de materiais naturais e descobertos pelo investigador Virgil Percec, da Universidade da Pensilvânia.
Investigações anteriores de Virgil Percec, Atochina-Vasserman e outros investigadores na Universidade da Pensilvânia descobriram que os IAJDs são específicos de órgãos, o que os torna um bom candidato para enviar mRNA explicitamente para os pulmões. Quando chega ao pulmão, o mRNA então instrui o sistema imunológico a criar o fator de crescimento transformador beta (TGF-b), uma molécula de sinalização vital para o corpo reparar o tecido.
“Esta investigação marca o nascimento de uma nova plataforma de entrega de mRNA com seus próprios pontos fortes e potencial além dos LNPs de mRNA originais”, disse Drew Weissman, prémio Nobel de 2023, coautor do estudo.
“Embora o uso de outras nanopartículas lipídicas funcione muito bem para prevenir doenças infeciosas, além de ser específico para o pulmão, esta nova plataforma não precisa ser armazenada em temperaturas extremamente baixas e é ainda mais fácil de produzir”, acrescentou o cientista.
Os investigadores indicam que “embora a investigação se tenha concentrado nos pulmões, o método também está a ser explorado para terapias em outros órgãos”, e investigadores já estão a tentar uma abordagem semelhante contra infeções que ocorrem no baço.