As pessoas com síndrome de Marfan são normalmente mais altas e mais magras que a média, possuem dedos e membros desproporcionalmente longos. Geralmente apresentam curvatura anormal da coluna vertebral e fraqueza nas principais artérias. É de grande preocupação, nestas pessoas, o alto risco de aneurismas da aorta. Também as zônulas no olho, o tecido conjuntivo elástico em todo o corpo, precisa da estrutura de suporte adequada para funcionar corretamente.
Steven Bassnett, professor de oftalmologia e ciências visuais da Universidade de Washington em St. Louis, e a sua equipa estão a explorar um componente estrutural chave das zônulas chamado fibrilina-1.
A síndrome de Marfan tem sido associada a mais de 3.000 mutações na fibrilina-1. No olho, as mutações enfraquecem as fibras da zônula a ponto de quebrarem e soltar a lente, uma condição chamada ectopia lentis. Pessoas com síndrome de Marfan têm risco aumentado de glaucoma, catarata e alta miopia.
A zônula de Zinn é o nome dado à faixa de fibras que suspende as lentes dos olhos. As fibras de zônula puxam ou relaxam para mudar o formato da lente, permitindo que o olho ajuste o foco.
As novas investigações em curso, apoiadas pelos Institutos Nacionais de Saúde, EUA, permitem fornecer informações sobre as condições oculares associadas à síndrome de Marfan, onde as fibras de zônulas enfraquecidas causam problemas de visão.
“Sabemos há muitos anos que a fibrilina-1 é importante para o funcionamento normal da lente”, referiu o investigador Steven Bassnett. “No entanto, nenhum dos modelos animais existentes de mutações na fibrilina-1 reproduz os sintomas oculares que observamos em pessoas com síndrome de Marfan. O nosso estudo é o primeiro a identificar onde é sintetizada a fibrilina-1 no olho, e abre a porta para tratamentos destinados a reparar ou regenerar as fibras de zônulas.”
Os investigadores interromperam a expressão do gene da fibrilina-1 em ratos seletivamente numa das extremidades das fibras zonulares: onde se ligam à lente ou onde se ancoram ao epitélio ciliar não pigmentado. Nas lentes, o rompimento da fibrilina-1 não teve efeito sobre as zônulas, mas seu rompimento no epitélio ciliar não pigmentado enfraqueceu-as.
À medida que os ratos envelheciam, a força da zônula diminuía. Normalmente, as fibras zonulares consistem em microfibrilas que se agrupam como fios de borracha num cordão elástico, referiram os investigadores.
A microscopia de alta resolução mostrou que, sem fibrilina-1, as zônulas não conseguiam formar feixes adequados. Aos dois meses de idade, a perda de fibrilina-1 resultou numa redução de 90% na força da zônula.
Aos 3 meses de idade, todos os ratos com epitélio não pigmentado do corpo ciliar deficiente em fibrilina tinham experimentado ectopia lentis. E eles exibiram outros sintomas do tipo Marfan, incluindo catarata e aumento anormal do globo ocular, uma condição considerada responsável pela alta miopia em pessoas com síndrome de Marfan.
Steven Bassnett referiu: “Estes ratos fornecem um modelo útil para testar novas terapias para a síndrome de Marfan”. O trabalho da equipa de investigadores mostra que o epitélio não pigmentado do corpo ciliar é a principal fonte de fibrilina-1 nas zônulas e um alvo provável para terapia genética e outras abordagens de tratamento.
A investigação tem o apoio dos Institutos Nacionais de Saúde, e o financiamento foi dado pelo National Eye Institute, Research for Prevent Blindness, e pela National Marfan Foundation, EUA.