O cancro do pulmão é dos mais letais em todo o mundo. Muitas das terapias atualmente disponíveis têm sido ineficazes, deixando os pacientes com muito poucas opções. Uma nova estratégia promissora para tratar o cancro tem sido a terapia bacteriana. Uma modalidade de tratamento que progrediu rapidamente, nos últimos cinco anos, de experiências em laboratório para ensaios clínicos. Um tratamento que mostrou ser mais eficaz para certos tipos de cancro, por combinação com outros medicamentos.
Os investigadores da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, EUA, anunciaram que desenvolveram um pipeline de avaliação pré-clínica para caracterização de terapias bacterianas em modelos de cancro de pulmão. O novo estudo, já publicado pela Scientific Reports, descreve uma combinação de terapias bacterianas com outras modalidades de tratamento para melhorar a eficácia do tratamento sem qualquer aumento de toxicidade. Esta nova abordagem foi capaz de caracterizar rapidamente as terapias bacterianas e integrá-las com sucesso nas atuais terapias direcionadas para o cancro do pulmão.
“Prevemos uma expansão rápida e seletiva de nosso pipeline para melhorar a eficácia e a segurança do tratamento para tumores sólidos”, referiu Dhruba Deb, investigador que estuda em laboratório o efeito de toxinas bacterianas no cancro do pulmão e autor do estudo. O cientista acrescentou: “Alguém que perdeu entes queridos para o cancro, gostaria de ver essa estratégia passar do banco para a cabeceira no futuro.”
A equipa de investigadores usou o sequenciamento de RNA para descobrir como as células cancerígenas respondem às bactérias nos níveis celular e molecular, e construíram uma hipótese sobre a qual as vias moleculares das células cancerígenas estavam a ajudar as células a serem resistentes à terapia com bactérias. Para testar a hipótese, os investigadores bloquearam esses caminhos com os atuais medicamentos contra o cancro e mostraram que combinar as medicamentos com toxinas bacterianas é mais eficaz na eliminação de células cancerígenas do pulmão. Eles validaram a combinação de terapia bacteriana com um inibidor de AKT como exemplo em modelos de camundongos com cancro de pulmão.
“Este novo estudo descreve um empolgante canal de desenvolvimento de medicamentos que não era explorado no cancro do pulmão – o uso de toxinas derivadas de bactérias”, esclareceu Upal Basu Roy, diretor executivo de investigação da LUNGevity Foundation, EUA. “Os dados pré-clínicos apresentados no manuscrito fornecem uma forte justificação para a continuação da investigação na área, abrindo assim a possibilidade de novas opções de tratamento para pacientes diagnosticados com a doença letal”.
O investigador Dhruba Deb indicou que planeia expandir a estratégia para maiores estudos em modelos pré-clínicos de cancros do pulmão difíceis de tratar e colaborar com os médicos para impulsionar a tradução clínica.