A estenose aórtica é uma doença que afeta 32 mil portugueses, maioritariamente pessoas acima dos 80 anos, limitando as suas capacidades e qualidade de vida. Carateriza-se por um aperto na válvula aórtica, provocando cansaço, dor no peito e desmaios. Apesar de ter tratamento, muitos doentes não o estão a receber.
É, por isso, necessário alertar a sociedade em geral e a comunidade médica em particular de que não se deve deixar de tratar alguém pelo facto de ser idoso. A população está a envelhecer muito rapidamente e o nosso sistema de saúde começa a ter alguma dificuldade em acompanhar esse fenómeno. Porém, é importante estarmos preparados para tal. Temos de saber a quem implantar as válvulas, mas não as podemos negar por o doente ser idoso.
O tratamento para a estenose aórtica passa pelo implante de uma nova válvula cardíaca, através de um cateter introduzido por uma artéria (geralmente na virilha), sem necessidade de parar o coração. Esta técnica minimamente invasiva é utilizada há mais de 20 anos em cardiologia. Atualmente existem 5 centros públicos e 6 centros privados de Hemodinâmica, em Portugal, com capacidade para a realização deste procedimento.
Para melhorar o acesso ao tratamento da estenose aórtica, além da sensibilização e valorização dos sintomas, é preciso também aumentar a referenciação de doentes com patologia valvular, ou seja, acelerar o diagnóstico realizado pelos médicos de medicina geral e familiar e o atempado encaminhamento para o cardiologista. Após o diagnóstico da doença é necessário melhorar o acesso e as respostas dos centros capazes de efetuar este tratamento.
Autor: Lino Patrício, médico, membro da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular e Coordenador da campanha portuguesa Valve for Life
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, está a promover, em Portugal, a campanha Valve For Life, cuja missão passa por reduzir a mortalidade e a morbilidade dos doentes com patologia valvular, através de técnicas percutâneas.