Luis Pastor é o vencedor do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2024. Uma decisão do júri do prémio que reuniu esta sexta-feira, dia 22 de novembro, no Ministério da Cultura do Governo de Espanha, em Madrid. O prémio, de carácter bienal, tem uma dotação de 75.000 euros.
De acordo com o júri trata-se de um reconhecimento do músico e compositor pela “sua longa carreira e percurso profissional de mais de cinquenta anos, tanto em Espanha como em Portugal, bem como a sua ligação à defesa dos valores democráticos e a sua contribuição musical e poética para as transições sociais de ambos os lados da fronteira partilhada, desde logo pela influência da Revolução dos Cravos”.
O júri salientou ainda que, dos primeiros álbuns ao mais recente, “Extremadura fado”. Luis Pastor “mostra a constância do seu amor pela poesia e pelos géneros musicais portugueses e o seu envolvimento com a música cabo-verdiana, o que faz dele uma figura que transcende as fronteiras entre Portugal e Espanha”.
Como descreve o Ministério da Cultura português, o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura foi criado em 2006 com o objetivo de homenagear um autor, pensador, criador ou intérprete vivo, ou ainda uma instituição que, através do seu trabalho no domínio das artes e da cultura, tenha contribuído de forma significativa para o reforço dos laços entre os dois Estados e para um maior conhecimento recíproco da criação ou do pensamento.
Luis Pastor
Luis Pastor, músico e compositor, nasceu em Berzocana, Cáceres, Espanha, em 1952. Ao longo dos 50 anos de carreira, a ligação a Portugal e a Cabo Verde tem sido uma constante. Começou a gravar discos em 1972, liderando a chamada geração de cantautores, símbolos da luta antifranquista. Desde então, e até ao presente, lançou mais de 20 álbuns, entre os quais “Vallecas 76” (1976), “Aguas abril” (1988), uma trilogia de discos-livros “Diario de a bordo” (1996), “Por el mar de mi mano” (1998), “Soy” (2002), “Pásalo” (2004), “Qué fue de los cantautores” (2012) e ainda os dois livros-disco com poemas musicados de José Saramago: “En esta esquina del tiempo” (2006) e “A viagem do elefante” (2015), onde a palavra poética e o compromisso social estão na base da sua música.
O artista conjuga os seus concertos ao vivo com o seu trabalho como compositor para artistas como Cesária Évora, Juan Valderrama, Gala Évora, Jarcha, Carmen Linares e Ivan Lins.
Colaborou também com artistas portugueses como João Afonso e Dulce Pontes. O último trabalho de Luis Pastor de 2024 é “Extremadura Fado”. Nesta obra, a influência do fado português e da morna cabo-verdiana entrelaçam-se com a essência cultural da Extremadura, criando uma mistura única e emocionante.
Em 2022, Luis Pastor recebeu a Medalha de Ouro de Belas Artes do Ministério da Cultura de Espanha.
Nos termos do regulamento do prémio, a reunião do júri e a cerimónia de entrega dos prémios realizam-se alternadamente em Portugal e em Espanha. O júri é constituído por seis elementos, três de nacionalidade portuguesa e três de nacionalidade espanhola, nomeados pelos Ministérios da Cultura de ambos os países, e nesta 9.ª edição, a composição do júri foi a seguinte:
Por Portugal
- Ana Paula Laborinho, Diretora em Portugal da OEI, Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura
- Sandra Guimarães, curadora de arte e diretora do Museu de Arte Contemporânea Helga de Alvear
- José Pedro Croft, artista plástico
Por Espanha
- María Ángeles Albert León, Diretora-Geral do Património Cultural e das Belas Artes do Ministério da Cultura
- Ángeles González-Sinde Reig, Presidente do Real Conselho de Administração do Museu Nacional e Centro de Arte Reina Sofia
- Luís García Montero, Diretor do Instituto Cervantes Nesta edição, Sandra Guimarães foi a presidente do júri.
Vencedores anteriores do prémio
- 2006 – José Bento (poeta e tradutor), Portugal.
- 2008 – Perfecto Cuadrado (professor e escritor), Espanha.
- 2010 – Álvaro Siza Vieira (arquiteto), Portugal.
- 2012 – Carlos Saura (cineasta), Espanha
- 2014 – Lídia Jorge (escritora), Portugal
- 2016 – Pilar del Río (escritora), Espanha
- 2018 – Mariza (fadista), Portugal
- 2022 – Paulo Branco (produtor de cinema), Portugal
Em comunicado o Ministério da Cultura português esclareceu que em 2020, os dois países concordaram em não atribuir o Prémio, devido à pandemia.