Os ensaios clínicos desenvolvidos pelas farmacêuticas não incluíram as mulheres grávidas. Mas devem ou não as mulheres gravidas serem vacinadas? Para Linda Eckert, obstetra e ginecologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington e especialista em doenças infeciosas, a resposta é “provável, sim”.
A especialista adiciona algumas advertências a serem consideradas, e referiu: “Se eu estivesse a falar com uma minha paciente, eu ouviria essa paciente e tentava avaliar como ela sobre o risco de adquirir a COVID-19 versus as preocupações sobre a vacina”.
“Mas, no geral, especialmente se ela tivesse fatores de risco médicos significativos, eu diria, que esta vacina poderia ser uma ideia realmente boa, porque sabemos qual a perigosidade da COVID para as grávidas”, referiu Linda Eckert.
Se as grávidas forem infetadas com COVID-19, em geral ficarão mais doentes do que as não grávidas. Estas pessoas também acabam com mais frequência em ECMO (suporte coração-pulmão), na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) ou ligadas a ventiladores, indicou a especialista.
Os testes de vacinas não incluíram mulheres grávidas, mas Linda Eckert observou que os testes com animais não levantaram sinais de alerta. Um estudo da Moderna lançado em meados de dezembro revisou os efeitos da vacina em ratos e não mostrou efeitos nocivos em fêmeas grávidas ou nos seus descendentes.
Sobre as questões dos efeitos da fertilidade, Linda Eckert disse que dado o mecanismo de ação, as vacinas de mRNA da COVID não são consideradas como causadoras de maiores riscos de infertilidade. Além disso, as mulheres que planeiam engravidar devem ser encorajadas a receber a vacina se estiverem numa das populações prioritárias para vacinação.
“A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, também publicou uma declaração apoiando o uso da vacina em mulheres que tentam engravidar e em mulheres que estão a fazer tratamentos de fertilidade. Não sentimos que haja qualquer preocupação com questões de fertilidade ”, disse Linda Eckert. “O mRNA fica nos nódulos linfáticos e não viaja pela corrente sanguínea”.
“Não temos nenhum motivo para temer danos nos bebés de mulheres que amamentam”, disse Linda Eckert. “Os estudos vão começar a examinar a transmissão dos anticorpos COVID através do leite materno depois das mães que amamentam serem vacinadas, mas ainda não temos esses dados.
O mRNA não é transferido para a placenta, referiu a especialista. Além disso, as vacinas não entram na parte da célula onde o ADN é mantido e não alteram o ADN humano. Como resultado, as vacinas de mRNA não podem causar nenhuma alteração genética.
Não se sabe a quantidade de anticorpos que o bebé receberá pelo sangue do cordão umbilical quando a mãe for vacinada contra o coronavírus durante a gravidez. A investigação mostrou que quando as mães grávidas recebem a vacina contra a gripe, os anticorpos aparecem no sangue do cordão umbilical e são transferidos para o bebé.