O fotógrafo Gérald Bloncourt, ligado ao imaginário coletivo da imigração portuguesa em França, morreu. A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, já lamentou o desaparecimento de um dos mais brilhantes fotojornalistas que nos permitiu “conhecer e admitir as duras condições de vida de gerações que a ditadura obrigou a partir e que procuravam na periferia parisiense melhores condições de vida.”
O Presidente da República, em nota no website da presidência, indicou que “ao tomar conhecimento da morte de Gérald Bloncourt há um dever de memória em evocar o seu trabalho, que imortalizou a história da emigração portuguesa em França nas décadas de 60 e 70”.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que “o fotógrafo francês foi uma das testemunhas do duro quotidiano dos compatriotas que viveram os primeiros anos da maior vaga de emigração para França, sendo simultaneamente amigo e companheiro de tantos portugueses que ali construíram o seu futuro.”
A através do seu olhar e com um “gesto marcado pela objetividade, como é o dos grandes fotógrafos, contou a história silenciada, envergonhada e escondida de um país fechado sobre si próprio”, referiu o MC
Com as célebres fotografias do “bidonville” de Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris, e dos bairros da cintura industrial da capital francesa, Bloncourt “assinou um capítulo da história de Portugal”, escreveu em comunicado o Ministério da Cultura (MC).
Mas para além das fotografias dos portugueses em França, Gérald Bloncourt acompanhou o percurso de imigração, a salto, como aconteceu durante a “sua primeira viagem a Portugal na década de 1960, onde retratou o quotidiano das cidades do Porto, Lisboa e Chaves” e que constam de um livro concebido pelo historiador Daniel Bastos.
O livro com o título ‘Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores’ é um retrato, e ao mesmo tempo uma reflexão, sobre a emigração portuguesa para França, que assenta nas imagens que o fotógrafo captou em Portugal.
As fotografias têm vindo a ser objeto de várias exposições, nomeadamente, na Cité Nationale de l’Histoire de l’Immigration, em Paris, no Museu das Migrações e das Comunidades, em Fafe, ou no Museu Coleção Berardo, em Lisboa.
Gérald Bloncourt francês, que nasceu no Haiti em 1926, foi um “fotógrafo comprometido, militante humanista e poeta do quotidiano, dono de uma sensibilidade que incomodava pela franqueza” referiu o MC.
Também Marcelo Rebelo de Sousa indicou ter testemunhado “em Champigny-sur-Marne, por altura das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em 10 de junho de 2016, reconhecendo o seu espírito de missão pela defesa da dignidade humana junto da comunidade portuguesa, com o grau de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique.”