Em comunicado a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou a morte do antropólogo, etnólogo, museólogo e professor Benjamim Pereira. Uma figura tutelar da antropologia em Portugal, com um percurso profissional indissociável da autonomia da antropologia como disciplina científica em Portugal.
Benjamim Pereira, natural de Montedor, Carreço, Viana do Castelo, integrou em 1959 os quadros do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, estrutura que constituiu, desde meados dos anos 1940, o primeiro polo verdadeiramente dedicado à investigação antropológica em Portugal e que, sob coordenação de António Jorge Dias, integrou uma notável equipa de investigadores como Margot Dias, Fernando Galhano ou Ernesto Veiga de Oliveira.
A partir de 1969, o percurso do antropólogo ficou também ligado ao Centro de Estudos de Antropologia Cultural, criado em 1962. Benjamim Pereira participou ativamente no trabalho destes dois centros, com recolha de materiais, escrita de artigos, registos fotográficos e de vídeo.
Graça Fonseca indicou que o antropólogo, a título individual, e em conjunto com os colaboradores do Centro de Estudos de Etnologia e do Centro de Antropologia Cultural e Social, foi fundamental para o nascimento do Museu Nacional de Etnologia, no qual Benjamim Pereira foi, até à sua aposentação em 1990, responsável pela conceção, execução e montagem de todas as exposições realizadas, tendo publicado inúmero artigos e livros da especialidade.
Mas até 2002 Benjamim Pereira “continuou ainda a colaborar na montagem e conceção gráfica de exposições realizadas no Museu de Etnologia, sendo o responsável pela organização das reservas deste museu dedicadas ao mundo rural português, que viriam a ser abertas ao público sob a designação de ‘Galerias do Mundo Rural’”.
Na área da museologia a Ministra da Cultura desta a cooperação de Benjamim Pereira com a Rede Portuguesa de Museus, “tendo trabalhado na avaliação e consultoria a várias instituições e museus locais e regionais e, com este trabalho, contribuído para a dinamização desta referência de qualidade, de profissionalismo e de rigor na prática museológica”.
Para Graça Fonseca a “Cultura portuguesa deve-lhe um inestimável trabalho de dedicação à investigação, ao estudo e ao trabalho de campo, difundindo e ampliando o conhecimento da Antropologia e da nossa identidade, ao longo de mais de sessenta anos”.