Um modelo baseado em inteligência artificial (IA) desenvolvido e testado pela Diaverum, um dos principais prestadores mundiais de cuidados renais, mostra que é possível prever casos de risco de trombose entre os doentes em tratamento com hemodiálise.
Os testes pilotos a partir de Portugal apontam que o método permite uma média de 75% de predição dos casos, ou seja, prevê com elevado grau de certeza, futuros episódios de trombose vascular.
O novo modelo foi apresentado hoje, no decurso do Encontro Renal 2021, organizado pela Sociedade Portuguesa de Nefrologia, liderado por o Prof Rui Alves, diretor do serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
A trombose do acesso vascular, com uma incidência de entre 0,11 a 0,5 episódios por doente e por ano, é uma das maiores causas de sofrimento dos doentes renais crónicos em hemodiálise e está associada a um aumento da mortalidade. Esta patologia está também associada a um aumento do custo dos cuidados de saúde nestes doentes, com forte impacto no Sistema Nacional de Saúde.
Dimitris Moulavasilis, CEO da Diaverum, referiu, citado em comunicado, que “a gestão da trombose do acesso vascular é um dos pilares da nossa estratégia clínica. É com grande expectativa que anunciamos hoje uma inovação que pode revolucionar a forma como lidamos com esta doença, e que vai seguramente promover um salto na nossa capacidade de prever e tomar medidas preventivas para evitar episódios futuros, entre os nossos doentes em diálise. É uma solução que permite um ganho a todos os envolvidos, pois está associada a melhores ferramentas digitais e análise preditiva para os profissionais de saúde envolvidos. Por outro lado, permite melhores diagnósticos, e em tempo útil, para os nossos doentes, ao mesmo tempo que faz baixar os custos por doente e o valor global de saúde para os doentes, seguros e sistemas nacionais de saúde.”
O modelo apresentado pela Diaverum segue os princípios da Inteligência Artificial centrada no ser humano, explicável e responsável. Um modelo que assenta na compilação de dados clínicos de cada doente a partir de diferentes variáveis, incluindo valores de tratamento de diálise, resultados de análises laboratoriais, e informação demográfica, prevendo se o doente vai sofrer de um evento de trombose uma semana antes do episódio ter lugar.
A previsão do modelo em Inteligência Artificial é apresentada à equipa médica acoplada a um conjunto de explicações e argumentos de base científica, permitindo-lhes uma tomada de decisão informada, que permite uma resposta preventiva e personalizada de forma a assegurar o melhor tratamento possível ao nível do acesso vascular.
O modelo também se articula com a restante infraestrutura digital da empresa, incluindo a sua plataforma proprietária de informação renal (d.CARE), bem como com o Sistema de Tratamento Guiado (TGS). A utilização desta nova ferramenta vai arrancar desde já em Portugal, Espanha e Arábia Saudita, que em conjunto representam aproximadamente 12.000 doentes renais. A Diaverum indica que tem como objetivo que a solução esteja disponível nos próximos 18 meses em todas as 452 clínicas da empresa, em 24 países.
Para Sofia Correia de Barros, Diretora Geral da Diaverum Portugal, “esta inovação é a peça digital que ambicionávamos ter para reforçar o nosso modelo diferenciador de cuidados coordenados, centrado no doente renal e com o fim último de prestar elevado standard de qualidade de cuidados”.
“Com esta ferramenta, vamos poder assegurar que, em todas as 27 clínicas existentes em Portugal, os nossos profissionais clínicos conseguem, de forma informada, antecipar e evitar um evento clínico que tanto pode penalizar a qualidade de vida dos nossos doentes”, acrescentou Sofia de Barros.
A responsável da Diaverum em Portugal concluiu: “Acreditamos que assim vamos conseguir consolidar e reforçar os elevados resultados clínicos que temos obtido consistentemente nos últimos anos e que colocam Portugal no top 2 dos países europeus onde a Diaverum está presente. É um orgulho para os 1400 colaboradores da Diaverum Portugal termos tido oportunidade de participar no desenvolvimento desta ferramenta, mas acima de tudo, termos sido escolhidos para ser dos primeiros países a oferecer esta mais-valia digital aos nossos 3500 doentes.”
Fernando Macário, Chief Medical Officer da Diaverum, esclareceu: “Este modelo de tratamento renal foi desenvolvido em torno de uma lógica que dá prioridade à segurança e procedimentos, intervenções padrões pensadas de forma holística, forte gestão clínica e processos de trabalhos digitais, por forma a produzir o melhor resultado médico na ótica do doente. Com este módulo de Inteligência Artificial, as equipas clínicas vão ter ao seu dispor melhores ferramentas preditivas, o pessoal auxiliar vai também beneficiar de maior proximidade com os doentes, os processos serão mais eficientes e os doentes mais bem tratados como resultado disso tudo”.
“Num futuro próximo, os cientistas e analistas de dados vão ser integrados também na estrutura dos profissionais de saúde, como membros de uma equipa multidisciplinar, que vai também ter de se ligar aos doentes e a outros profissionais, para proporcionar sempre os melhores e mis personalizados cuidados renais” concluiu Fernando Macário.
A Diaverum indicou que a longo prazo quer construir uma plataforma de inteligência artificial, de forma a treinar, validar, testar e monitorizar uma série de modelos de IA que podem dar resposta a outras importantes necessidades clínicas.